segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Não deixemos de congregar

 Vigésimo sexto Domingo após Pentecostes

17 de novembro de 2024

Salmo 16; Daniel 12.1-3; Hebreus 10.11-25; Marcos 13.1-13

Texto: Hebreus 10.25

Tema: Não deixemos de congregar

 

Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.25)

 

Quantas vezes se faz um favor pensando em receber algum favor em troca?

Não sei você, mas, muitas pessoas quando precisam de um favor, vão logo dizendo: lembra aquela vez que te ajudei...

As pessoas agradam a Deus, ou, seus deuses, na expectativa de receber favores.

A religiosidade em todo o mundo é permeada da tentação de abster-se de algum alimento, de determinada prática, para assim receber o favor de Deus ou de seus deuses.

A religiosidade da retribuição pelo oferecimento de algo está muito impregnada nas pessoas.

Quem já não pensou: “não pode uma pessoa que serve a Deus passar por dificuldades”.

As pessoas buscam tratar Deus bem e agradá-lo com a expectativa de que nenhum mal sobrevenha até sua casa.

Jesus em seu discurso de despedida, poucas horas antes de ser crucificado, disse: “No mundo vocês vão sofrer; mas tenham coragem. Eu venci o mundo” (Jo 16.33). Para Jó, Deus perguntou: “Quem é para pôr em dúvida a minha sabedoria...” (Jó 38.2).

Na época em que foi escrita a carta aos Hebreus, o império romano ainda era dominante. Os romanos tinham um panteão de deuses e esses precisavam ser agradados na expectativa de evitar qualquer tipo de punição dos deuses. Ritos e sacrifícios eram observados. Além dos romanos, os judeus também tinham seus rituais e suas regras religiosas relacionadas a moralidade e costumes alimentares e por elas se julgavam merecedores dos favores divinos.

Na época em que a carta aos Hebreus foi escrita, o templo estava destruído, e os judeus se questionavam sobre a necessidade de realizar sacrifícios e sendo necessário, onde realizariam o mesmo. Em contrapartida, os novos cristãos, os denominados ex gentios se questionavam: precisamos realizar sacrifícios para agradar a Deus?

A carta aos hebreus foi escrita para responder as dúvidas sobre os ritos e sacrifícios que agradavam a Deus. Uma resposta dada pelo autor a partir da graça. Pela lente da graça, nenhum esforço humano é suficiente para merecer os benefícios de Deus.

Deus em sua graça, mediante Jesus Cristo, concede gratuitamente o que não merecemos e nem conseguimos adquirir por nós mesmos.

A carta aos Hebreus é uma orientação teológica para nortear a vida da comunidade a partir da graça. A orientação é simples: “não deixemos de nos congregar...” (Hb 10.25).

Por muitas vezes esse versículo foi e é citado para que as pessoas não abandonem a igreja. Não há problema em citar esse versículo para isso. Todavia, a orientação teológica é que não as abandone a fé em Jesus Cristo. Afinal, a referida congregação é a mesma a qual Jesus se refere e foi registrado por Mateus: “A grande trombeta tocará, e ele mandará os seus anjos para os quatro cantos da terra. E os anjos reunirão os escolhidos de Deus de um lado do mundo até o outro” (Mt 24.31).

Para estar nessa congregação é preciso ser escolhido e o próprio Jesus disse: “Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que os escolhi para que vão e deem fruto e que esse fruto não se perca. Isso a fim de que o Pai lhes dê tudo o que pedirem em meu nome” (Jo 15.16).

Diante da velha tentação de querer agradar a Deus para adquirir méritos diante dEle, somos orientados pela graça, na carta aos Hebreus de maneira simples: “não deixemos de nos congregar...” (Hb 10.25). Ou seja, não dê as costas para Jesus Cristo. Ao contrário, é preciso animar para que mais e mais pessoas estejam, retornem e permaneçam em Cristo Jesus.

O autor a carta aos Hebreus debate a superioridade de Jesus Cristo e sua obra em detrimento do Templo, do sacerdócio e do sacrifício (Hb 7.1 até 10.39).

A carta aos Hebreus é uma orientação teológica para que ninguém abandone a Cristo, o sacrifício perfeito e agradável a Deus.

A orientação teológica da carta aos hebreus é para que se fuja da lógica humana que prescreve que o pecador é capaz de agradar a Deus e “fazer por merecer” seus favores.

Querido amigo e amiga, não importa o que eu faça – Deus, em sua graça, concede a mim o que bem lhe apraz. Ele faz chover sobre bons e maus. Não é merecimento, é graça. De maneira especial, graciosamente eu fui chamado para Cristo desde o meu batismo.

De onde vem a tentação de querer “fazer por merecer” os favores de Deus?

O ser humano busca e quer garantias.

A partir disso, a religiosidade criou uma série de regulamentações para garantir ao praticante que àquilo que dá certeza de controlar a Deus. Se eu me abstenho desse dia, desse lazer, dessa comida, terei determinado favor divino. O ser humano se ilude em suas garantias. Romanos e judeus cumpriam ritos e sacrifícios na expectação de serem abençoados por seus deuses e por Deus. Contra essa lógica apreciada pelas pessoas, a carta aos hebreus indica apenas uma garantia: o sacrifício de Cristo. Por essa razão, exorta: “Não deixemos de congregar-nos, ...”, não deixe a única garantia que você tem de Deus quanto a sua salvação.

Congregar é muito mais que pertencer a um grupo religioso. Congregar é estar em Cristo.

Jesus Cristo é o único sacrifício que me torna agradável a Deus. Só por Jesus Cristo que eu mereço a salvação de Deus. As regras e os sacrifícios humanos nada fazem em relação a mim e a Deus.

Estar em Cristo não é uma obra humana! Deus tomou e toma a iniciativa de aproximar-se do ser humano e hoje fará isso através do Batismo. O Álvaro será congregado em Cristo.

Ao longo da sua vida, ele será assediado para que abandone essa congregação. Ele assim como muitos de nós, será assediado para as realizações humanas, as regras, os sacrifícios, as abstenções, como garantia de algo em relação a Deus. Mas, o sinal da cruz, no peito e na testa, é a garantia de Deus de que pela graça de Cristo ele, e qualquer um é salvo.

Hebreus é uma breve orientação teológica para o nosso viver diário: não deixemos de congregar ... não deixemos Cristo, o sacrifício e a realização de Deus para minha salvação. Amém.

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

“nenhum profeta é bem recebido na sua terra” (Lc 4.25)

 Vigésimo quinto Domingo após Pentecostes

10 de novembro de 2024

Salmo 146; 1Reis 17.8-16; Hebreus 9.24-28; Marcos 12.38-44

 

Texto: Lucas 4.25

Tema:nenhum profeta é bem recebido na sua terra

 

Você já passou pela experiência de ser mal-recebido em algum lugar?

Se sentir indesejado, menosprezado, é uma das piores sensações da vida, não acha?

Jesus, ao ser rejeitado em Nazaré, disse: “nenhum profeta é bem recebido na sua terra” (Lc 4.25).

Essa frase de Jesus era uma referência ao evento ocorrido durante o ministério do profeta Elias (1Rs 17.8-16).

Ao ser rejeitado em Nazaré, Jesus citar o exemplo da viúva de Sarepta. Nos dias do profeta Elias, as pessoas acreditavam que Baal controlava a chuva, assim, se chovia, o povo acreditava que Baal tinha mandado chuva. Se por causa da chuva havia boas colheitas, atribuíam a Baal essa boa colheita. Deus foi sendo esquecido e negligenciado.

Nesse contexto, Elias anunciou para o rei Acabe que ficaria três anos e meio sem chover. Quando, devido à seca, o rio secou, o lugar onde estava sendo sustentado por corvos, Elias foi enviado para Sarepta em Sidom (costa mediterrânea do Líbano).

Num tempo de escassez devido à seca, a viúva de Sarepta, creu na Palavra de Deus transmitida do profeta Elias e, mesmo sabendo que era seu último punhado de farinha, alimentou Elias.

Uma mulher que estava fadada a comer seu último punhado de farinha e esperar a morte junto com seu filho, por crer na Palavra, vivenciou um grande milagre.

Os moradores de Nazaré que clamavam por um milagre, ouviram Jesus dizer: “nenhum profeta é bem recebido na sua terra” (Lc 4.25), ou seja, o maior milagre que poderia ocorrer aqui e não ocorre é dar ouvidos a Palavra de Deus, assim como a viúva de Sarepta ouviu e creu.

Em dias de tanto ceticismo, o maior milagre é ouvir e dar atenção a Palavra de Deus.

É preciso dar ouvidos a Palavra de Deus!

Por não ouvirem a Palavra de Deus, o profeta Elias não teria a honra devida em Israel mesmo em meio a tantas viúvas que havia ali. O próprio Jesus, o Filho de Deus, estava sendo rejeitado em Nazaré.

nenhum profeta é bem recebido na sua terra” - o milagre narrado em 1Reis 17.8-16 é que uma mulher estranha a aliança de Deus, estranha ao povo de Deus, deu ouvidos à Palavra de Deus anunciada pelo profeta.

Há uma grande bênção no ouvir a Palavra de Deus. Uma bênção indescritível. A fé vem pelo ouvir. Pela fé sou salvo. Se aquela viúva não tivesse dado ouvidos a Palavra de Deus anunciada por Elias, tanto ela quanto seu Filho teriam morrido. Disse Jesus: quem crer, ainda que morra viverá. Amém

Não deixemos de congregar

  Vigésimo sexto Domingo após Pentecostes 17 de novembro de 2024 Salmo 16; Daniel 12.1-3; Hebreus 10.11-25; Marcos 13.1-13 Texto: Hebr...