segunda-feira, 5 de outubro de 2015

“...o que devo fazer para conseguir a vida eterna” (Mc 10.17b)

11/10/2015
Sl 90.12-17; Am 5.6-7,10-15; Hb 3.12-19; Mc 10.17-22
Tema: ...o que devo fazer para conseguir a vida eterna” (Mc 10.17b)

         Ao meditar sobre o texto de Marcos 10.17-22 é preciso olhar para um contexto mais amplo. Nesse contexto amplo, é necessário ler e lembrar o texto de Lucas 18.18. A julgar pelo pesquisador Lucas, o jovem rico era chefe judeu, conhecedor da lei, das tradições e costumes dos judaizantes. O jovem rico não foi o único a fazer a pergunta: ...que farei para herdar a vida eterna?” (Lc 10.25). Se o médico Lucas mostra duas pessoas diferentes fazendo a pergunta “...o que devo fazer para conseguir a vida eterna” (Mc 10.17b), quantas pessoas continuam fazendo essa pergunta?
         Os luteranos nesse mês de outubro lembram-se de Martinho Lutero. Essa lembrança não é porque Lutero é o santo a ser adorado pelos luteranos. Sua lembrança está na coragem e determinação em seu legado. E todo legado de Lutero foi justamente porque na idade média, ele, e tantas outras pessoas se angustiavam dia e noite com a pergunta “...o que devo fazer para conseguir a vida eterna” (Mc 10.17b; Lc 10.25).
         Sabe-se pela história ensinada e pela história vivida que o “devo fazer” promoveu e promove uma serie de barbaridades quanto ao ensino das boas obras, penitência, dízimo, etc.
         Observe no texto (Mc 10.17-22) que João Marcos mostra que o jovem ao se aproximar de Jesus, mesmo o chamando de bom, fala em fazer algo.
         Ao chamar Jesus de “bom mestre”, o jovem rico desejava receber de volta o elogio de Jesus. Afinal, o jovem rico se julgava cumpridor dos mandamentos, e assim, era algo “bom”.
         É bastante comum ouvir em velórios a expressão de que a pessoa falecida era uma pessoa boa. E ao se julgar alguém como bom, segue-se a lista do, “nunca roubou, matou, etc”.
         O jovem rico ao dialogar com Jesus, o faz com aquilo que seu coração está cheio, ou seja, é necessário fazer algo para conseguir a vida eterna.
         A pergunta: “...o que devo fazer para conseguir a vida eterna” (Mc 10.17b; Lc 10.25) por parte do jovem rico não tem o objetivo de receber uma resposta, mas, a constatação de que não lhe falta mais nada, afinal, conforme o próprio jovem, desde a sua juventude cumpre todos os mandamentos.
         Ao ouvir a pergunta, João Marcos apresenta de maneira brilhante a reação de Jesus, “..., fitando-o, o amou e disse: ...” (Mc 10.21).
         Jesus amou o jovem rico. A resposta: “Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me” (Mc 10.21) não mostra falta de amor, mas, visa mostrar aquele jovem que sua fé estava equivocada. Ele estava fundamentado na tradição da lei. A resposta de Jesus mostra ao jovem rico que mesmo sendo um suposto cumpridor da lei, mesmo sendo bom aos seus olhos e olhos dos seus semelhantes, ele é pecador. Mas qual seria o pecado daquele jovem? É um pecado muito comum entre nós. Pecado apresentado pelo apóstolo João em sua carta: “se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4.20).
         Algumas pessoas julgam as outras pelas aparências e imaginam que Deus julga da mesma maneira. O jovem rico, um líder judeu, era quase que irrepreensível, mas, Deus que conhece o coração humano, sabe que as aparências enganam. E mostra que as aparências estavam enganando aquele próprio jovem.
         O que faz uma pessoa ser boa? Quem é bom?
         O jovem rico precisava compreender o que era bom, ou, quem é bom diante de Deus. Sua compreensão de pessoa boa diante de Deus estava equivocada, e Jesus, busca corrigir seu pensamento.
         Para corrigir seu pensamento sobre quem de fato é bom diante de Deus, Jesus cita os mandamentos da segunda tábua, ou seja, do 4º ao 10º mandamento. Nesses 7 mandamentos, recebe-se a instrução de Deus com respeito a vida em relação ao próximo. E é justamente na relação com o próximo que consegue-se ver todos os pecados com clareza. O jovem rico afirmou para Jesus que observava todos os mandamentos relacionados a segunda tábua. No entanto, Jesus lhe propõe vender todos os seus bens e dar aos pobres, como prova de amor ao próximo. Isso mostrou seu pecado!
         O jovem rico estava satisfeito com sua aparente vida diante das pessoas. Essa vida aparente o fazia viver uma vida de auto justificação pessoal. Mas, essa auto justificação pessoal foi quebrada diante da proposta de Jesus. Por amor, Jesus apontou que só há um que realmente é bom, e esse é Deus.
         Por amor Jesus leva o jovem rico a examinar o próprio coração. Com amor, Jesus chama aquele jovem rico ao arrependimento.
         Não adianta o engrandecimento pessoal diante de Deus. O jovem rico se apresentou como bom, com cumpridor da lei, mas ao ser desafiado para uma prática real do amor ao próximo, aquele jovem rico viu o quão miserável pecador era.
         É preciso ver a real situação humana! Esse é o objetivo da lei de Deus expressa em sua Palavra. E por causa da situação desesperadora, Jesus continua olhando com amor e misericórdia. Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

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