segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Com um coração sincero eu te louvarei à medida que for aprendendo os teus justos ensinamentos


Tema do mês: Fundamentados em Jesus – “com um coração sincero eu te louvarei à medida que for aprendendo os teus justos ensinamentos” (Sl 119. 7)
04/11/12 – 23º Domingo após Pentecostes

Sl 119. 1 - 8; Dt 6. 1 - 9; Hb 9. 11 - 14; Mc 12.28 - 37
Tema:  Com um coração sincero eu te louvarei à medida que for aprendendo os teus justos ensinamentos

         O tema do mês de novembro na paróquia de Querência do Norte é Fundamentados em Jesus – “com um coração sincero eu te louvarei à medida que for aprendendo os teus justos ensinamentos (Sl 119. 7). Por isso, Deus já desde o antigo testamento insistiu na disciplina do inculcar.
         Perdemos a disciplina. E a falta de disciplina se reflete na falta de educação. E se levarmos em consideração o fato de que outubro é o mês da educação teológica na IELB, novembro, o mês da Mordomia e também o ultimo mês em que iremos abordar o tema: Fundamentados em Jesus, as palavras de Moisés em Deuteronômio nos levam ao fundamento doutrinário que está quase em desuso entre nós. Ouçamos: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas” (Dt 6. 4 – 9)
         As palavras tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te são palavras a um povo que está no deserto recebendo instrução para instruir as futuras gerações. Esse inculcar levaria a unidade, a identidade e claro o retorno ao fundamento.
         E para iniciarmos esse novo mês, novembro e a nova temática que é: Fundamentados em Jesus – “com um coração sincero eu te louvarei à medida que for aprendendo os teus justos ensinamentos” (Sl 119. 7), convido a você para que meditemos um pouco sobre os justos ensinamentos de Deus. E para que haja ensino é necessário um manual. O manual do cristão é a Bíblia. No entanto, a Bíblia não é compreendida por todos, por se tratar de um livro complexo, grande e de difícil compreensão. Hora as palavras bíblicas parecem ter clareza e coerência, horas parece ser incompreensível e contradizente com aquilo que foi dito anteriormente.
         Levando isso em consideração, queremos abordar um pouco sobre a importância e necessidade do catecismo. O catecismo não é maior, nem mesmo melhor que a Bíblia. Mas, o mesmo é o raio de sol. O Sol é a Bíblia, e o catecismo é um raio desse sol que nos ilumina. É a Bíblia do leigo, da serva e do jovem.

         Vamos relembrar algumas coisas importantes.
         1 – Quem escreveu o catecismo Menor?
         O Dr Martinho Lutero em 1529.
         2 – O que motivou Lutero escrever os Catecismos?
         Lutero fez visitas no eleitorado de Messein, entre 22 de outubro de 1528 e 9 de janeiro de 1529. vejam qual foi a sua reação: “A lamentável e mísera necessidade experimentada recentemente, quando também eu fui visitador, é que me obrigou e impulsionou a preparar este catecismo ou doutrina cristã nesta forma breve, simples e singela. Meu Deus, quanta miséria não vi! O homem comum simplesmente não sabe nada da doutrina cristã, especialmente nas aldeias. E, infelizmente, muitos pastores são de todo incompetentes e incapazes para a obra do ensino. (A mesma coisa se queixou Leonardo Martini, bispo de Mântua na Itália, que um dos principais colaboradores na feitura do catecismo romano). Segue Lutero: “Não obstante, todos pretendem o nome de cristãos, estão batizados e fazem uso dos sacramentos. Não sabem nem o Pai Nosso, nem o Credo, nem os Dez Mandamentos....
         Lutero escreveu simultaneamente dois Catecismos: O Maior e o Menor, ambos foram completados em 1529.
         No catecismo Maior, no segundo prefácio Lutero explica o termo catecismo: “Empreendemos esse sermão com a finalidade de que sirva de instrução a crianças e pessoas simples. Essa também é a razão por que desde a antiguidade se lhe chama em grego catecismo, isto é, instrução para crianças. Todo cristão, necessariamente, o deve conhecer. A quem o ignora não se poderia contar entre os cristãos, nem admiti-lo a qualquer sacramento”. Inculcar é instruir. E essa instrução acontece no dia-a-dia.
             Diz o texto bíblico: Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.
         Lutero quando usou o termo catecismo, o fez de muitos sentidos: 1 – ato no ensinar o básico da religião cristã; 2 – material de instrução; 3 – Conteúdo de um livro; 4 – próprio livro.
         Lutero além de escrever o catecismo sempre pregava sobre o catecismo. Em 18 de maio e 14 de setembro de 1528, ele diz que “o catecismo é instrução ou ensino cristão” que deve estender-se, após o batismo, a todas as crianças e aos jovens e adultos sem preparo na doutrina cristã, pois “cada cristão precisa necessariamente conhecer o catecismo”.
         Lutero chama o catecismo da “Bíblia dos Leigos”, por ser o “sumário da Escritura toda”. O catecismo não foi inventado pela igreja para que as crianças passassem por um sacrifício. O catecismo existe para que tenhamos um aprendizado maior e melhor das Escrituras Sagradas.
         Naquela época Lutero observou que para a instrução religiosa havia apenas livrinhos como “Jardinzinho da Alma e Paraíso da Alma”. E esses livretos Lutero queria acabar com eles, pois havia orações aos santos, listas de vícios e virtudes, mas nada que falasse a respeito da essência do cristianismo, revelado no evangelho.
         Para isso, Lutero convocou as três grandes ordens sociais: O pastorado; família; autoridade civil; que é o mesmo que ordem eclesiástica; ordem econômica; ordem política. Assim ele iria difundir o catecismo. Pois como ele mesmo dizia: “mesmo como doutor quero permanecer aluno do catecismo sempre”.
         Então os dois grandes motivos foram: A situação espiritual deplorável e a preocupação com a educação cristã.
         3 - Porque toda essa preocupação de Lutero? O que estava em jogo era o cristianismo. Não bastava apenas ser batizado para enfrentar a vida. Era necessário um continuo alimento da Palavra de Deus.
         Lutero em sua Missa alemã na Ordem do culto deixou expresso: “Um cristão não precisa do batismo, da palavra e do Sacramento na qualidade de Cristão, uma vez que já possui tudo, e sim, na qualidade de pecador.
         Diante do pecado, a fé precisa refletir sobre seu conteúdo, para que, o povo simples e o jovem cristão sejam diariamente exercitados e educados na Escritura e na Palavra de Deus, para que fiquem familiarizados com a Bíblia, e assim se tornem hábeis, versados e sábios nela, prontos para defenderem sua fé e, no devido tempo, ensinarem a outros a ajudarem a expandir o Reino de Cristo.
         Esta é a tarefa das três ordens. Tanto que a sua ultima frase no catecismo Maior é: “pois todos eles têm de ajudar-nos a crer, amar, orar e lutar contra o diabo”.
         4 - Qual era o objetivo de Lutero com isso? Instruir a todos nas verdades bíblicas. Mas, Lutero preparou o ensino na igreja para que os pais aprendam e possam, depois, ensinar aos filhos e servos em casa, onde ele próprio na pode, normalmente entrar. O mesmo diz o salmista: com um coração sincero eu te louvarei à medida que for aprendendo os teus justos ensinamentos” (Sl 119. 7). Se não há conhecimento e compreensão da justiça de Deus, não há louvor. Lutero é exemplo disso. Ele odiava a expressão justiça de Deus por não compreendê-la, mas tendo a compreendido pelo estudo da Bíblia, passou a dedicar todos seus esforços para que mais e mais pessoas compreendessem essa mensagem. Eu louvarei ao meu Deus, à medida, em que for aprendendo os teus justos ensinamentos.
         O Catecismo Maior surgiu da série de três sermões de Lutero em 1528. Em Wittemberg o pastor estava ausente e Lutero usou o púlpito de 18 – 30 de maio; 14 – 25 setembro; 30 de novembro à 19 de dezembro. Por isso no prefácio do Catecismo Maior Lutero o chama “este sermão”.
         Como está o uso do catecismo entre nós? Lutero se esforçou anos para de uma forma resumida ensinasse ao povo as verdades centrais da fé cristã. Infelizmente, por não termos a disciplina de inculcar em nossos filhos as verdades da fé cristã, o catecismo chegou ao que se diz hoje: “Catecismo, chega de decorar, isso é ultrapassado. Relembremos a importância dada a repetição, e quem disse isso foi Deus por meio de Moisés: Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas” (Dt 6. 4 – 9) e sendo assim, “com um coração sincero eu te louvarei à medida que for aprendendo os teus justos ensinamentos” (Sl 119. 7).
         O Catecismo Menor foi escrito para instruir por meio de perguntas e respostas, pois por meio da memorização era fácil o aprendizado e o ensino na família. Por outro lado o catecismo maior também era para ser lido na família, mas seu objetivo era servir de substrato para os sermões de pastores. O próprio Lutero fazia uso constante dele.
         O mais impressionante é que Lutero escreveu o Catecismo Menor sem nenhuma polêmica e os dois catecismos sem terminologias teológicas eruditas. Ele colocou diante do povo aquilo que é essencial: a salvação pela fé e a vida cristã. Isso distribuído em 7 partes no catecismo menor de uma forma magistral. Vale à pena estudar esse livro, a Bíblia dos leigos, todos os dias.
         Antes de encerrar o assunto:
         Depois dessa resumida explicação: Porque o catecismo de Lutero naquela época deu certo? As ordens estavam envolvidas seriamente nesse ensino. Houve seriedade na instrução. E quando foi que o povo de Deus se desviou dos caminhos do Senhor? Quando por indisciplina deixou de inculcar em seus filhos tudo o que Deus havia ensinado.

         Deixar de inculcar em nossos filhos as verdades centrais da fé cristã, é abandonar o verdadeiro fundamento que é Jesus. Toda a Escritura sagrada, bem como toda a doutrina cristã se resumo em só ponto: JESUS. E que Jesus seja para nós a motivação para termos disciplina no inculcar nos nossos filhos as verdades cristãs. Pois, fundamentados em Jesus – “com um coração sincero eu te louvarei à medida que for aprendendo os teus justos ensinamentos (Sl 119. 7).
Pr Edson Ronaldo Tressmann
Livro Base: Volume 7. Obras Selecionadas de Lutero, pp. .315 – 470.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Uma vez por todas


Tema do mês: Assim como crianças precisamos aprender!
28/10/12 – 22º Domingo após Pentecostes
Sl 126; Jr 31. 7 - 9; Hb 7. 23 - 28; Mc 10. 46 - 52
Tema: Uma vez por todas.

Ele não é como os outros Grandes Sacerdotes; não precisa oferecer sacrificios todos os dias, primeiro pelos seus próprios pecados e depois pelos pecados do povo. Ele ofereceu um sacrifício, uma vez por todas, quando se ofereceu a si mesmo

        Você compreende a expressão “uma vez por todas”?
        As Escrituras empregam duas palavras gregas que significam “de uma vez por todas.” No livro de Hebreus essa expressão aparece em 12 diferentes versículos. “Uma vez por todas” em Hebreus trata dos seguintes aspectos: pessoa de Jesus, oferta e sacrifícioAs duas palavras gregas para a expressão “de uma vez por todas” são:  legomena. Essa palavra expressa algo que nunca mais precisa ser repetido. Descreve algo pérpetuo, válido, permanente, duradouro e eterno. E ephapax, a qual o significado é o mesmo da palavra legomena. Mas, em ephapax temos a preposição grega epi. Esta adição não está ali por acaso. Sendo a Bíblia a própria palavra de Deus, é necessário entender que essa preposição fortalece e intensifica a palavra original, hapax. Isso significa que enquanto a palavra legomena significa válido, Ephapax de forma intensiva significa para sempre válido.
        Assim como crianças precisamos aprender que a expressão “de uma vez por todas” apresenta algo que diferencia o sacerdócio de Jesus dos outros sacerdotes.
        De acordo com o autor do livro de Hebreus, mesmo que não saibamos 100% quem ele é, aprendemos sobre a superioridade do sacerdócio de Jesus. Ele identifica Jesus como sumo sacerdote de acordo com a ordem de Melquisedeque. Mas quem é Melquisedeque?
        Melquisedeque aparece na história bíblica em Gn 14. 18 – 20. Conforme um termo teológico, definimos Melquisedeque como um antítipo de Cristo. É um sacerdote do Deus altíssimo. A superioridade do sacerdócio de Melquisedeque sobre o sacerdócio de Levi aponta para a superioridade do sacerdócio de Jesus sobre o de Arão. Mas, sendo Melquisedeque um sacerdote superior, porque era necessário um sacerdócio superior a ele? Os sacerdotes vinham da tribo de Levi. Jesus veio da tribo de Judá. A lei mosaica não dizia nada sobre os sacerdotes serem da tribo de Judá. Com Jesus o sacerdócio foi mudado. Essa mudança acarretou mudança na lei. Jesus não era sacerdote pela lei. Jesus é a certeza e garantia de um novo sacerdócio e de uma nova lei, uma nova aliança (Hb 7. 20 – 22). Jesus é um sumo sacerdote superior. Os sacerdotes leviticos eram fracos e pecadores. Jesus é santo e imaculado. Jesus, diferentemente dos sacerdotes leviticos, não precisava fazer oferenda por si mesmo. Assim como Melquisedeque, Jesus é um sumo sacerdote superior.
        Jesus foi feito um sumo sacerdote por um juramento de Deus, conforme Sl 110.4. Conforme Hb 7.3 sabemos que o sacerdócio de Melquisedeque não tem fim. Isso vale para Jesus. Os sacerdotes leviticos sempre precisavam ser substituídos, Jesus não.
        Em Jesus o povo encontra salvação que os sacerdotes leviticos não podiam dar. O sacerdócio de Jesus foi e é superior, pois ele mesmo foi o sacrifício. Ele se ofereceu em sacrifício.
        Os sacerdotes levitas precisavam sacrificar animais por diferentes pecados do povo e por eles mesmos. A repetição se devia ao fato de que seus sacrifícios não tinham poder permanente. A oferta de Jesus, no entanto, não precisa ser repetido, ele vale de uma vez por todas.
        Assim sendo podemos afirmar junto com o autor da carta aos hebreus que: “Ele não é como os outros Grandes Sacerdotes; não precisa oferecer sacrificios todos os dias, primeiro pelos seus próprios pecados e depois pelos pecados do povo. Ele ofereceu um sacrifício, uma vez por todas, quando se ofereceu a si mesmo.” Amém!

(Vale à pena continuar estudando o termo ephapax nas outras 5 ocorrências em Hebreus: 9.12; 9.26; 9.28; 10.2; 10.10).


Rev. Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Riqueza como Dom de Deus


Tema do mês: Assim como crianças precisamos aprender!
21/10/12 – 21º Domingo após Pentecostes
Sl 119. 9 - 16; Ec 5. 10 - 20; Hb 4. 1 - 13; Mc 10. 23 - 31
Tema: Riqueza como Dom de Deus.

         Em 2004, um francês de 62 anos foi hospitalizado com urgência. Ele estava com fortes dores de estômago. Em seu estômago havia uma massa que pesava cerca de 5,5 kg que fez com que seu estômago descesse até a altura do quadril. Cinco dias depois de sua hospitalização, o médico resolveu fazer a cirurgia e retirou a massa que estava em seu estômago. Infelizmente o paciente morreu alguns dias depois de complicações.
         O que chamou a atenção dos médicos foi a massa retirada do estômago daquele homem. Não era um câncer. A massa eram 350 moedas, equivalente a 650 dólares. Essa doença é uma síndrome que leva a pessoa a se alimentar de objetos como se fosse alimentos.
         Talvez estejamos dando graças a Deus por não sofrermos desse transtorno. Mas, a minha questão é simples: Será que não estamos doentes pelo materialismo e consumismo? Façamos um exame de nossa vida. Quanto tempo estamos dedicando ao nosso ganho material? Não que isso não seja importante. No entanto, quanto tempo estamos desperdiçando longe da família, da igreja?
         Salomão que é o autor do livro de Eclesiastes nos quer ensinar sobre o mau uso e abuso do dinheiro. Podemos, já que assim como crianças precisamos aprender, a olhar para esse texto de Eclesiastes 5. 10 – 20 e entender o que Deus quer nos ensinar sobre riqueza. E ao falar sobre riqueza podemos nos lembrar do provérbio italiano: “o dinheiro é um bom servo, mas um mau senhor.
         Assim como crianças precisamos aprender! Aprender que a Riqueza é um dom de Deus (Rm 12.8). E sendo um dom de Deus precisamos saber como lidar com ela.
         Jesus instruiu acerca do dinheiro e da riqueza. Das 38 parábolas, dezesseis discutem esse assunto. Além disso, há cerca de 2 mil versículos que lidam com a questão do dinheiro e das posses. Por que toda essa conversa sobre dinheiro? Como disse o prório Jesus: “Pois onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês” (Mt 6.21).  Deus quer nos eninar assim como se ensina a uma criança que o uso e as posses podem estar indicando onde estamos depositando a nossa confiança.
         No texto de Eclesiastes 5. 10 – 20 recebemos do homem mais sábio sobre a face da terra cinco valiosos ensinos sobre a realidade do dinheiro e duas verdades sobre Deus. Vejamos:
    Quanto mais se têm, mais se quer (Ec 5.10)
    Quanto mais se têm, mais se gasta (Ec 5.11)
    Quanto mais se têm, mais preocupações (Ec 5.12)
    Quanto mais se têm, menos se reparte (Ec 5. 13 – 14)
    Quanto mais se têm, mais tristeza (Ec 5. 15 – 17)
    Deus dá o trabalho como DOM (Ec 5.18)
    Deus dá a riqueza como DOM (Ec 5. 19 – 20)

         Vamos ao estudo desses 7 ensinos.
Quanto mais se têm, mais se quer (Ec 5.10)

Quem ama o dinheiro nunca ficará satisfeito; quem tem a ambição de ficar rico nunca terá tudo o que quer. Isso também é ilusão.

         Assim como crianças precisamos aprender!
         Salomão diz que o dinheiro não é o segredo da felicidade. Ao contrário, ele diz que o dinheiro é viciante e insatisfatório. Pois, se eu tenho um pouco, quero mais. Se eu tenho muito, quero mais. “Quem ama o dinheiro nunca ficará satisfeito;...”. É importante destacar que expressão quase idêntica é transmitida por Paulo: “Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males; ...”. Assim como crianças precisamos aprender  que não é o dinheiro o nosso problema, mas sim, o amor, o apego ao mesmo. Estamos inseridos numa sociedade em que o materialismo e o consumismo aos poucos esta nos cauterizando e nos cegando e assim deixamos de ver coisas importantes. Há um ditado popular que diz: “o dinheiro é um amante ruim, pois quanto mais você o ama, menos ele te satisfaz”.
    Somos herdeiros de uma geração capitalista. E o capitalismo em seus primórdios cunhou a frase: “Deus abençoa quem cedo madruga”. E nessa ótica capitalista crescemos pensando: se eu tivesse mais dinheiro! Assim, os quadros de TV “Construindo sonhos” fazem tanto sucesso. Aliás, quem não quer ter casa própria.  Por isso deixamos de nos fazer perguntas importantes. Condicionamos a nossa felicidade ao ter. Consequência de um capitalismo pessimamente interpretado e praticado.
         Não sei a maioria de vocês já ouviram falar de John Davison Rockefeller (1839 – 1937). Esse homem foi um investidor. Homem de negócio e um filantropo estadunidense. Ele fundou a Standard Oil Company, a indústria do petróleo que foi o grande negócio de confiança dos Estados Unidos. Além de revolucionar a indústria do petróleo, ele também definiu a estrutura da filantropia. Com 53 anos era bilionário. Ganhava cerca de um milhão de dólares por semana. E para esse homem foi feita a seguinte pergunta: Quanto dinheiro você quer? E a sua resposta foi: “Apenas um pouco mais.” Assim como crianças precisamos aprender que quanto mais se têm, mais quer ter.
         Estamos desenvolvendo uma síndrome do amor ao dinheiro.  Não tê-lo é pior que passar fome, ou estar nu. É melhor ter dinheiro que não ter família. Aliás, a maioria dos problemas familiares é divida do dinheiro, ou seja, é por causa de dinheiro. Estamos enfrentando a síndrome de sorrissos abertos, afinal a péssima interpretação e prática do capitalismo nos conduziu a esse jeito de viver. E Salmoão diz que tudo é ilusão.
Quanto mais se têm, mais se gasta (Ec 5.11)

Quanto mais rica é a pessoa, mais bocas tem para alimentar. E o que ela ganha com isso é apenas saber que é rica.

         É claro que essa frase é uma questão de lógica. Quem mais tem, mais gasta, mais consome. Mais pessoas têm ao seu redor.
         Nosso desejo por dinheiro se deve ao querer consumi-lo. Imaginamos que o dinheiro nos dá tudo. Tanto que Salomão diz em seus provérbios: “Os ricos arranjam muitos amigos, mas o pobre não consegue conservar os poucos que tem” (Pv 19.4). Só que, por experiência de vida, podemos nos perguntar quais desses realmente são os amigos?
         Claro que a maioria desses amigos dependem das suas riquezas. São os que cuidam dos negócios. Os que gerenciam as propriedades, os banqueiros, os advogados, os contadores, empregados domésticos, guarda costa, etc. Os ricos têm amigos, mas, na grande maioria, esses, são os amigos que dependem deles, dos ricos. E quanto mais dinheiro, mais funcionários. E com muitos funcionários, mais dinheiro para prestar contas e mais problemas e inquietações. Então não pense que ganhar na mega sena te trará toda a felicidade do mundo. Por esse motivo o apostolo Paulo aconselha: “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1Tm 6.8).
         Quanto mais temos, mais gastamos. E claro, mais tempo gastamos com os negócios. E assim, quantas coisas boas perdemos por não termos tempo por estarmos ocupados com aquilo que temos para gastar.
Quanto mais se têm, mais preocupações (Ec 5.12)

O trabalhador pode ter pouco ou muito para comer, mas pelo menos dorme bem à noite. Porém o rico se preocupa tanto com as coisas que possui, que nem consegue dormir.

         Assim como crianças precisamos aprender que a riqueza não nos dá repouso e nem descanso. Ela traz consigo outra doença, a insônia. Quem está ocupado tem consigo as preocupações e assim se mata dia após dia. Mas aquele que trabalha apenas para comer, se deita e dorme tranqüilo e no outro dia, mesmo que lhe falte uma roupa melhor, segue sua vida sorrindo.
         O rico ao contrário, anda inquieto, pois comeu demais, esteve envolvido em muitos compromissos. Muita coisa acontecendo em sua vida e assim não relaxa. Coisas materiais não trazem paz e sossego, na verdade trazem consigo a ansiedade. Contra isso Jesus alertou: “Não se preocupem com a comida e com a bebida que precisam para viver nem com a roupa que precisam para se vestir ... nenhum de vocês pode encompridar a sua vida, por mais que se preocupe com isso” (Mt 6. 25ª, 27).
         Henry Ford o fundador da FORD disse certa vez que: “Eu era mais feliz fazendo um trabalho mecânico.” As ocupações que o muito dinheiro lhe deu, tiraram dele o que tinha de melhor para aproveitar sua vida.
         Lembremos novamente de John Davison Rockefeller. Mesmo bilionário aos 53 anos, faturando 1 milhão de dólares por semana, as preocupações o tornaram um homem doente, que viveu a base de biscoitos e leite e não conseguia mais dormir. E tendo tomado a atitude de espalhar seu dinheiro e não se deixar levar por ele ainda viveu e pode comemorar seus 90 anos.
Quanto mais se têm, menos se reparte, mais sofre (Ec 5. 13 – 14)

Eu tenho visto neste mundo esta coisa triste: algumas pessoas economizam dinheiro e sofrem com isso. Perdem tudo num mau negócio e assim não deixam nada para os filhos.

         Como pode uma pesso que tanto têm não repartir nada com ninguém. Quem de nós aqui já não disse ou ouviu essa frase?
         As riquezas nos tornam egoístas. Salomão diz que o entesouramento, o acumular riquezas são um grave mal. O que acumula riquezas só gera para si sofrimentos. Nós mostramos o que amamos pelo que fazemos com o que temos.
         Disse Jesus: “Não vos preocupeis...” (Mt 6. 24 – 34). E Salomão enfatiza que as pessoas que passaram a vida economizando para o futuro, de repente, são surpreendidas num mau negócio e ficam a ver navios. Não os aconselho a não se preparaem, mas, a lição que precisamos aprender do texto bíblico é o quanto somos vulneráveis.
Quanto mais se têm, mais tristeza (Ec 5. 15 – 17)

Como entramos nesse mundo, assim também saímos, isto é, sem nada. Apesar de todo o nosso trabalho, não podemos levar nada desta vida. Isso também é muito triste! Nós vamos embora deste mundo do mesmo jeito que viemos. Trabalhamos tanto, tentando pegar o vento, e o que é ganhamos com isso? O que ganhamos é passar a vida na escuridão e na tristeza, preocupados, doentes e amargurados.

         Assim como crianças precisamos aprender! Aprender por esses três versículos que o dinheiro é transitório e temporal. O dinheiro é servo do homem e não o homem servo do dinheiro.
         Uma pessoa nua é uma pessoa com terno da criação. Foi assim que viemos ao mundo e assim sairemos desse mundo. Só teremos roupa porque alguém colocará em nós.
         Disse Salomão num provérbio; “Não se mate de trabalhar, tentando ficar rico, nem pense demais nisso. Pois o seu dinheiro pode sumir de repente, como se tivesse criado asas e voado para longe como águia” (Pv 23. 4 – 5). Não podemos focar toda a nossa vida, energia e ação na riqueza. Atrás de uma nota de dólar há a figura de uma águia com as asas esticadas
para fora.  Isso indica o que a propria bíblia diz, o dinheiro voa de nossas mãos.
         Riqueza, bens, como disse o próprio Senhor Jesus podem ser destroçados pelas traças, levado pelos ladrões, e assim nos aconselha: “...ajuntem riquezas nos céus,...” (Mt 6.20). Como? Agarrando-se com os braços da fé em Jesus Cristo.
         Viver nossa vida querendo apenas acumular riquezas nos levará a decepção apontada por Salomão “Isso também é um grave mal, exatamente como um homem nasce, assim, ele vai morrer. Então, qual é a vantagem para aquele que labuta para o vento? Ao longo de sua vida, ele também come na escuridão com grande aflição, doença e raiva.
         Apesar do nosso trabalho, da nossa riqueza, vamos morrer. E obcecados pelo acumulo de riquezas estaremos deixando de aproveitar parte da vida eterna que já temos em união com Cristo Jesus nesse mundo. O dinheiro não os consola na solidão, na doença e na tristeza.
         Parece que essa mensagem não irá atingir o seu objetivo. Afinal, nosso tema é: assim como crianças precisamos aprender que a Riqueza é um dom de Deus.
         Salomão faz essa prescrição divina. E ele diz que esse entendimento é que dará satisfação, segurança e significado na vida. Ele diz: “Então cheguei a essa conclusão: a melhor coisa que uma pessoa pode fazer durante a curta vida que Deus lhe deu é comer e beber e aproveitar bem o que ganhou com seu trabalho. Essa é a parte que cabe a cada um. Se Deus der a você riquezas e propriedades e deixar que as aproveite, fique contente com o que recebeu e com o seu trabalho. Isso é um presente de Deus. E você não sentirá o tempo passar, pois Deus encherá seu coração de alegria.
         Salomão menciona Deus quatro vezes. E diz sobre as coisas boas que Deus nos concede. Vejamos:
Deus dá o trabalho como DOM
         Antes da queda o trabalho era algo agradável ao homem. O trabalho ainda faz parte da vida humana. Analisando profundamente, o trabalho é uma espécie de adoração. O trabalho traz recompensas que Deus quer oferecer aos seus filhos.
         O lado ruim do trabalho é que as dores e sofrimentos que ele nos provoca nos faz lembrar do nosso pecado. E como pecadores necessitamos de Jesus Cristo.
         E junto com o dom do trabalho
Deus dá a riqueza como DOM
         ...Se Deus der a você riquezas e propriedades e deixar que as aproveite, fique contente com o que recebeu e com o seu trabalho. Isso é um presente de Deus. E você não sentirá o tempo passar, pois Deus encherá seu coração de alegria.
         A riqueza é um dom de Deus. Observemos as palavras: “Se Deus der a você riquezas e propriedades...”. As mesmas querem nos ensinar que mesmo que o trabalho seja um dom, ele não é um dom por causa da riqueza. Se a riqueza vier como resultado do trabalho, não deixemos de desfrutar desse dom da melhor maneira possível. Não se escravizando nela. Nem sendo servo dela.
         A riqueza é um dom, no entanto, a beleza desse dom é reconhecer o que nos ensinam as leituras bíblicas desse dia.
         Primeiro olhemos para a leitura do salmo, onde ouvimos as palavras do salmista: “Fico mais alegre em seguir teus mandamentos do que em ser muito rico” (Sl 119. 14). E qual mandamento está atrelado ao dom da riqueza? Para essa resposta precisamos olhar em segundo lugar para o autor da carta aos Hebreus que disse: “Deus nos deixou a promessa de que podemos receber o descanso de que ele falou. Portanto, tenhamos muito cuidado para que Deus não julgue que algum de vocês tenha falhado, deixando assim de receber esse descanso” (Hb 4.1). E esse descanso em Deus é o que dá brilho ao dom da riqueza. Precisamos saber descansar em Deus.
         Assim como crianças precisamos aprender a lidar com a Riqueza como Dom de Deus. O terceiro mandamento me ensina a descansar em Deus. Ou seja, não importa o que eu tenho e sou e qual compromisso está agendado, nada pode substituir o meu ouvir com atenção a palavra de Deus.
         A maldição do trabalho é que nos afasta de Cristo. E esse é o perigo da própria riqueza. No culto da semana passada ouvimos sobre o homem rico que não quis vender o que tinha e seguir a Jesus. Ele não fez uso do descanso em Deus. E diante da constação de que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico ir para o céu os discípulos ficaram espantadíssimos.
         Temos medo das riquezas. Não sabemos como lidar com esse assunto. Aos ricos cabe o mesmo convite que é feito aos pobres, descansar em Deus.
            O dom de Deus é o nosso descanso no próprio Deus. Vivemos dias consumistas onde se valoriza o ter. E para ter precisamos ser escravos do tempo, do dinheiro e do trabalho. E como reféns do materialismo e capitalismo não descansamos em Deus. Passamos a julgar nossa habilidade, competência e sabedoria como responsáveis daquilo que temos e somos. Esquecemos de dar graças a Deus e de aproveitar na certeza de que Deus não deixará nada faltar, mesmo que tenhamos nosso descanso nele.
         Assim como crianças precisamos aprender a descansar em Deus. E esse descanso em Deus é o dom de Deus para a riqueza e também para a pobreza. O descanso de Deus é o dom que ele nos concede para esse tempo consumista.
         Que em Cristo possamos nos alegrar com nosso tabalho e com aquilo que temos, seja abundância ou pobreza. Que não sejamos gulosos pelo ter a ponto de perdermos aquilo que Deus nos oferece em Jesus, o seu eterno descanso. Amém!
Rev. Edson Ronaldo Tressmann
Algumas idéias foram retiradas do seguinte endereço:
http://bible.org/seriespage/naked-truth-ecclesiastes-510-20

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A ter certeza da salvação


Tema do mês: Assim como crianças precisamos aprender!
14/10/12 – 20º Domingo após Pentecostes
Sl 90. 12 - 17; Am 5. 6 – 7, 10 - 15; Hb 3. 12 - 19; Mc 10. 17 - 22
Tema: A ter certeza da salvação

        Você tem certeza da sua salvação? Você espera recompensa pela sua fidelidade a Deus?

        Essas duas perguntas são atuais, pois em nossos dias há milhares de pessoas que ainda não estão certas de sua salvação, e outros milhares se dedicam à obra de Deus com a intenção de ganhar alguma bênção especial.
        As palavras do texto de Marcos 10. 17 -20 são palavras importantes, urgentes e necessárias:

Quando Jesus estava saindo de viagem, um homem veio correndo, ajoelhou-se na frente dele e perguntou:
- Bom mestre, o que devo fazer para conseguir a vida eterna?
Jesus respondeu:
- Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. Você conhece os mandamentos: “Não mate, não cometa adultério, não roube, não dê falso testemunho contra ninguém, não tire nada dos outros, respeite o seu pai e a sua mãe”.
- Mestre, desde criança eu tenho obedecido a todos esses mandamentos! – respondeu o homem.

        Conforme o texto de Lucas 18.18 se observa que era esse homem era líder judeu, conhecedor da lei, das tradições e costumes dos judaizantes. É interessante notar que mesmo sendo conhecedor e aparentemente um cumpridor da lei, o homem não havia encontrado nas observâncias e conhecimento da lei de Deus paz para sua alma. Por isso se aproxima de Jesus, assim como uma criança desesperada e pergunta inquietamente: “...o que devo fazer para conseguir a vida eterna” (Mc 10.17b).
        O que fazer para conseguir a paz com Deus? Na época em que Lutero viveu, vemos que ele se angustiava dia e noite com essa pergunta. Ainda hoje muitas pessoas estão angustiadas com essa questão. Assim como crianças precisamos aprender! Muitos estão vivendo seus dias nesse mundo sem ter a certeza da salvação. Outros ao se dedicarem a Deus o fazem por mera pretensão de conseguir alguma suposta bênção.
        Marcos em seu evangelho diz que o homem que se aproximou de Jesus fala em fazer alguma coisa. As palavras:
- Bom mestre, o que devo fazer para conseguir a vida eterna?
E assim como uma criança que supostamente faz alguma coisa para ganhar outra, ele logo responde:
“Não mate, não cometa adultério, não roube, não dê falso testemunho contra ninguém, não tire nada dos outros, respeite o seu pai e a sua mãe”.
- Mestre, desde criança eu tenho obedecido a todos esses mandamentos!

Se algo precisa ser feito, eu já o fiz. Então eu sou bom assim como Deus é bom. Mas assim como crianças precisamos aprender! E assim como se ensina a uma criança Jesus fez com aquele interprete da lei.
Sua aproximação foi idêntica a dos fariseus que estudamos na semana passada. Ao se aproximar com uma pergunta julgando ter a verdadeira resposta em si mesmo, Jesus lhes ensina algo novo. A pergunta já tinha em si a conclusão de que o cumprimento dos mandamentos era suficiente e que ele era tão bom quanto Deus. Assim como crianças precisamos aprender! Diante da pergunta, o homem aguardava apenas a confirmação de Jesus de que não faltava mais nada, ele já havia feito tudo. Mas ao contrário do seu desejo, Jesus o direciona aos conhecimentos da lei que aquele homem tinha para uma correta compreensão.
Assim como crianças precisamos aprender! Aprender assim como aquele homem o verdadeiro sentido da lei.
        Quando se aproximou de Jesus, o homem foi logo falando: “Bom Mestre....”. Mesmo que tenha usado esse termo, aquele homem precisava entender o mesmo de forma correta. Da boca para fora confessava Jesus como Bom. Mas, em sua mente a idéia de Bom estava distorcida. Ele se achava Bom. E ao falar Bom, pensava que Jesus retribuiria dizendo o mesmo. Bom – nós dois somos bons, pois somos os únicos a cumprir a lei. No entanto, não é isso que acontece. Jesus diz que Bom é apenas Deus.
        Observemos que Jesus ao citar os mandamentos, cita apenas os da segunda tábua. Porque apenas os mandamentos da segunda tábua? Pois, é somente através desses que o ser humano consegue ver seus erros enquanto vivem. O jovem estava satisfeito com a sua vida perante as pessoas. Era respeitado. Ninguém podia acusá-lo de nada. Um cidadão honrado. Vivia uma vida de auto justificação pessoal. Aparentemente uma vida consagrada. Mas, assim como crianças precisamos aprender que aquele homem estava espiritualmente cego. Não reconhecia Jesus como seu salvador. Ele estava agarrado com as duas mãos na suposta lei que cumpria.
        Continuemos a leitura do texto e leiamos agora Marcos 10. 21 – 22:

Jesus olhou para ele com amor e disse:
- Falta mais uma coisa para você fazer: vá, venda tudo o que você tem e dê o dinheiro aos pobres e assim você terá riquezas no céu. Depois venha e me siga.
Quando o homem ouviu isso, fechou a cara; e, porque era muito rico, foi embora triste.

        Jesus leva aquele homem a examinar o próprio coração.
        Assim como crianças precisamos aprender! Aprender que Jesus ama a todas as criaturas e quer salvar a todos. Com amor chama aquele homem rico ao arrependimento. Vale citar as palavras do apóstolo Paulo aos Efésios: “...Você que está dormindo, acorde! Levante-se da morte, e Cristo o iluminará” (Ef 5.14b). A palavra acorde é o chamamento de volta da morte para a vida. Aquele homem pela repreensão de Jesus estava sendo convidado a deixar seu apego infeliz ao suposto cumprimento da lei e agarrar-se firmemente em Jesus Cristo, pois Ele é o único caminho que leva a vida eterna.
        Diante do engrandecimento pessoal daquele homem de querer se apresentar bom como Deus, pois se dizia cumpridor da lei, Jesus ataca o seu ponto fraco para lhe mostrar o quão miserável pecador ele era, e o quanto necessitava do perdão de Jesus e de se agarrar urgentemnet em Jesus.
        Aquele que se apresentou como bom e engrandeceu-se por se achar merecedor da vida eterna se viu como pecador que era e desesperou-se. Aquele homem, assim como criança precisava aprender que sua pergunta realmente era angustiante. E que a resposta era o próprio Jesus. A pergunta “...o que devo fazer para ganhar a vida eterna?” tinha como objetivo ser elogiado por Jesus. Mas, a resposta mostrou sua infelicidade humana.
        Pela lei ninguém consegue se salvar. Pela lei apenas conhecemos a nossa indignidade e os nossos pecados. Olhemos para nossa vida e tentemos responder;
        - Como estamos matando nosso semelhante?
        - Como adulteramos?
        - Como estamos tirando a honra do nosso próximo?
        - Como estamos tirando o que pertence ao outro?
        - Como está a nossa vida com nossos pais?
        Por essas perguntas, não adinata querermos nos justificar. Apenas precisamos concluir que estamos vivendo segundo a nossa natureza pecadora. Pois o desrespeito, a falta de apoio e euxilio matam as pessoas. Nosso olhar cobiçoso a um homem ou mulher já nos faz adulterar. Nossas fofocas tiram o bom nome do nosso próximo. Isso sem falar daquilo que tiramos dos outros e do nosso desrespeito ao pai e a mãe.
        A lei da qual o homem tanto se orgulhava mostrou o quanto ele estava perdido. E essa mesma lei aponta o dedo para nossa vida e mostra a nossa real situação.
        Vende tudo o que tens e dê aos pobres – assim Jesus se dirigiu ao homem. Isso o entristeceu. De suposto homem bom, foi apontado por Jesus como alguém que assim como todos necessitava da salvação que vinha em Jesus da parte de Deus.
        Aquele homem vivia sua vida como uma pesada carga. Diante das pessoas procurava viver uma suposta vida de cumpridor da lei. Mas, diante de Deus estava verdadeiramente perdido. O seu coração estava em conflito. Estava preso ao deus mamón, ao deus dinheiro, e isso o recusava a dar ouvidos ao mestre Jesus.
        O homem rico que se ajoelhou diante de Jesus o chamando de Bom e querendo se apresentar como bom acabou descobrindo a sua própria fragilidade. O desafio lançado por Jesus o fez ver o quanto sua vida de suposto cumpridor da lei era uma vida de fachada e fadada ao fracasso. O desafio era duplo e nada fácil:
- Vender seus bens e mostrar que verdadeiramente amava o seu próximo;
- deixar o apego a lei e depender exclusivamente de Jesus,
        Ele recuou. E recuou daquilo que verdadeiramente era bom. A lei o fazia viver de aparências, e ele queria continuar nessa vida de aparências diante do outro.
        Assim como crianças precisamos aprender! Pois, infelizmente existem muitos cristãos assim. Orgulham-se de sua maneira de viver. Mas, quando lhes é solicitado um sacrifício pelo reino de Deus, ocorre o esfriamento, perde-se o interesse. Muitos se orgulham de serem cristãos. Supostamente fazem tudo certinho, mas, seus corações se encontram verdadeiramente longe daquele que os justifica e os leva a agir em verdadeiro amor com o próximo.
        As palavras de Marcos 10. 23 – 25  também merecem o nosso destaque:
Jesus então olhou para os seus discípulos, que estavam em volta dele, e disse:
- Como é difícil os ricos entrarem no Reino de Deus!
Quando ouviram isso, os discípulos ficaram espantados, mas Jesus continuou:
- Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais difícil um rico entrar no Reino de Deus do que um camelo passar pelo fundo de uma agulha.

        Assim como crianças precisamos aprender que após o ocorrido com o homem rico Jesus olha em volta e lança diretamente aos seus discípulos uma constatação: confiar nos bens deste mundo apenas afasta as pessoas de Deus.
        Ser rico não é o problema. A questão está em fazer das riquezas o seu verdadeiro deus. É confiar nos bens e nas coisas deste mundo e se esquecer de que tudo o que somos e temos é bênção de Deus. Os que têm posses materiais precisam viver suas vidas como se não as tivessem se mantendo humildes no seu relacionamento com o próximo e principalmente saber e viver completamente dependente de Deus.
        Os bens materiais são bênçãos de Deus e aos mais abastados compete agradecer a Deus por todas as coisas e reconhecer que sem Deus não haveria nada.

Quando ouviram isso, os discípulos ficaram espantadíssimos e perguntavam usn aos outros:
- Então, quem é que pode se salvar? (Mc 10. 26)

        A conclusão é inevitável: “...quem é que pode se salvar?
        Uma conclusão de um rico ensinamento. O homem por suas forças é incapaz de se salvar. Depende exclusivamente da graça de Deus. Cada pessoa humana precisa do maravilhoso presente que Deus dá: FÉ. Somente na fé em Cristo há salvação. E essa fé é operada em nossos corações pelo Espírito Santo no batismo e no ouvir da Palavra. Fé fortalecida pelo estudo, pela audição da Palavra e pelo receber do Corpo e do Sangue de Cristo dados com e sob o pão e o vinho na santa ceia. A fé são as mãos que nos agarra a Cristo.
Jesus olhou para eles e disse:
- Para os seres humanos isso não é possível; mas, para Deus, é. Pois, para Deus, tudo é possível.
Aí Pedro disse:
- Veja! Nós deixamos tudo e seguimos o senhor.
Jesus respondeu:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: aquele que, por causa de mim e do evangelho, deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras receberá muito mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos, terras e também perseguições. E no futuro receberá a vida eterna. Muitos que agora são os primeiros serão os últimos, e muitos que agora são os últimos serão os primeiros. (Mc 10. 27 – 31)

        Diante da constatação de que os bens materiais não salvam e de que é preciso deixar tudo e seguir a Cristo Pedro responde: “Nós deixamos tudo e te seguimos”. E Assim como criança ele também precisava aprender, e ouve a resposta de Jesus, “...aquele que, por causa de mim e do evangelho, deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos e terra receberá muito mais, ainda nesta vida...”.
        Então eu serei recompensado pela minha fidelidade a Cristo? SIM e NÃO.
        Assim como crianças precisamos aprender, e por isso, é necessário lembrar primeiramente que são palavras de advertência. Advertência contra a despreocupação. No sentido de que não é a mera aceitação ou associação a igreja que lhe dá a garantia de bênçãos graciosas. Muitos estão trabalhando, se dedicando à igreja só por causa da recompensa, e Jesus é contra isso. A fidelidade, o servir árduo e o amor ao reino são respostas ao amor de Deus. Isso é algo voluntário sem esperar nada em troca. A resposta, que é manifestada pelo servir, dedicar-se, sacrificar-se, se deve ao amor de Cristo por nós. Reelembremos que Jesus disse aos seus discípulos depois de retornarem da missão: “Porém não fiquem alegres porque os espíritos maus lhes obedecem, mas sim porque o nome de cada um de vocês está escrito no céu” (Lc 10.20). Em outras palavras, a resposta de Jesus é: Pedro não se orgulhe disso.
        Mesmo os fiéis despenseiros da graça de Jesus Cristo não podem se orgulhar disso. Nem colocar sua confiança no seu servir ou até mesmo nos bens que recebeu. A verdadeira vida está em Cristo. Ser filho de Deus em Jesus é a maravilhosa bênção. E por essa bênção servimos ao Senhor com alegria.
        Você tem certeza da sua salvação? Estando em Cristo sinta-se feliz em saber que está salvo. Continue em Cristo Jesus. Ele continua te alimentando pela Palavra sacramento do altar.
        Você espera recompensa pela sua fidelidade a Deus? Se o teu servir, ofertar e trabalhar pelo reino de Deus é por causa das bênçãos, saiba que isso não agrada a Deus. Lembre-se de Jesus, que mesmo sendo Deus “...não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano” (Fp 2.6-8). Sejamos servos humildes no Reino de Deus sem esperar as recompensas. O nosso servir, trabalhar é motivado pela grande bênção da sabermos que somos verdadeiramente salvos. E salvos podemos nos sacrificar e trabalhar arduamente, seja como pastor ou leigo, ofertar voluntariamente para que outras pessoas ingressem nas nossas fileiras, a dos salvos. Amém!
Pr Edson Ronaldo Tressmann

Não creia em todo espírito (1Jo 4.1)

  27 de abril de 2024 Salmo 150; Atos 8.26-40; 1João 4.1-21; João 15.1-8 Texto: 1João 4.1-21 Tema: Não creia em todo espírito (v.1) ...