02
de fevereiro de 2025
Quarto
Domingo após Epifania
Salmo
71.1-6; Jeremias 1.4-10; 1Coríntios 12.31b- 13.13; Lucas 4.31-44
Texto: 1Co 13.13
Tema: Amor
– o metro com o qual Deus mede a sua vida!
Você
conhece o equipamento chamado metro (m)?
Um metro é a
unidade básica de medida de comprimento no Sistema Internacional de Unidade
(SI). Equivale a 100 centímetros ou 1.000 milímetros.
Há diferença
entre um metro aqui e um metro na África?
A medida é
universalmente reconhecida e aplicada em todo mundo.
Um metro
é igual em todo o mundo - todavia, o jeito de medir
as pessoas é diferente em cada país?
Como
você mede sua vida? Como são medidos os valores das coisas que você fez, faz, realizou
ou realiza?
O padrão da medida
utilizado por muitas pessoas é sobre o quanto dinheiro se ganha. Quanto mais
dinheiro, mais importante a pessoa parece ser.
Outra medida é o
status. Novamente o status está relacionado ao valor econômico, todavia, aqui
junta-se a questão acadêmica.
Há também quem
meça as pessoas pela produtividade; educação; dons; ...
No mundo o padrão
de medida quanto ao valor de alguém dificilmente será alterado. Mas, o apostolo
Paulo no capítulo 13 da primeira carta aos Coríntios deseja que a igreja meça o
valor de alguém ou avalie alguém com a medida do amor.
1Coríntios
13 é denominado “capítulo do amor” na
Bíblia. Está entre os capítulos 12 e 14. Ou seja, não é um capítulo isolado e
por essa razão, precisa ser analisado a luz do seu contexto.
Esse
capítulo faz parte da resposta do apostolo Paulo quanto a pergunta dos Coríntios
sobre os dons espirituais. O apostolo que desde o capítulo 10 vem falando sobre
ser igreja, desenvolve nos capítulos 12 a 14 sobre os dons.
O
desejo do apostolo é ensinar com clareza aos Coríntios que a prática e a busca
dos dons espirituais devem sempre ocorrer dentro do contexto do amor.
Qual é a medida do amor?
O amor é a verdadeira medida de tudo o
que dizemos, tudo o que temos, tudo o que fazemos.
Sem
amor, mesmo nossas melhores realizações não são nada aos olhos de Deus.
O
apostolo Paulo se agarra nesse conceito e o aplica a três áreas diferentes da
vida.
- discurso de uma pessoa;
- dons de uma pessoa;
- sacrifício de uma pessoa;
Você não pode medir o valor de suas palavras
pela imponência de seu discurso (1Co 13.1)
Língua dos anjos - uma maneira comum de se referir ao
discurso eloquente. A pessoa que falava nas línguas dos homens e dos anjos
falava com grande eloquência e estilo.
Esse cara fala bem.
Falar até papagaio fala.
Pode haver múltiplos dons, até mesmo o de línguas (língua
de homens e anjos).
Os
coríntios eram muito envolvidos no discurso. Eram oradores e debatedores e
valorizavam o discurso forte, fervoroso, ousado e persuasivo. Valorizavam a
eloquência e muitos até desprezavam Paulo porque achavam que ele não tinha essa
qualidade (Paulo era gago). Na segunda carta aos Coríntios, Paulo o descreve da
seguinte forma: “Suas cartas são pesadas e
poderosas, mas pessoalmente ele é inexpressivo e seu falar não vale nada”
(2Co 10.10). e em sua resposta quanto aos dons, de maneira especial sobre o
discurso, o apostolo destaca que de nada adianta ser eloquente (falar as línguas dos homens e dos anjos), se
não tiver amor, minhas palavras serão apenas um barulho irritante.
A
ênfase no discurso causava divisão entre os Coríntios (quem era melhor: Paulo,
Pedro ou Apolo). Apolo era o homem que impressionava os coríntios tanto que Lucas
relata no livro de Atos que “Ele [Apolo] era um
homem instruído, com um conhecimento profundo das Escrituras. Ele havia sido
instruído no caminho do Senhor e falava com grande fervor… ele falou com
ousadia… ele refutou vigorosamente os judeus em debate público” (Atos
18.24-28).
Diante
dessa situação e realidade, o apostolo Paulo ao responder quanto à questão do
uso correto das línguas (1Co 12 – 14), traz o alerta quanto a divisão em dois
grupos:
o grupo especial (de elite), que falava em línguas, e
o
grupo não especial (não de elite), que não falava em
línguas estranhas e nem sequer eram eloquentes.
Enquanto
os coríntios se apoiavam no discurso, ao invés de edificar o corpo de Cristo,
eles estavam exibindo egoisticamente o dom de línguas para seu próprio
benefício.
Os coríntios estavam sendo destruídos
pelo discurso.
Impressionados com a eloquência e o falar em línguas não mais executavam a
principal virtude: o amor.
A medida do valor entre eles estava na
eloquência e no falar em línguas.
No mundo atual, somos destruídos pela
narrativa. Quem tem a melhor narrativa vence a discussão.
O
apostolo Paulo lembra que em todas as nossas palavras, em todas as conversas
devemos nos orientar pelo amor.
O que posso dizer para edificar essa
pessoa? Encorajá-la? Beneficiá-la? Aproxima-la
de Deus? Deus
não nos mede pela eloquência ou línguas estranhas, mas pelas palavras de amor.
Podemos
e precisamos falar grandes verdades, mas em amor. “Se
eu falar as línguas dos homens e dos anjos, mas não tiver amor, sou apenas um
gongo que ressoa ou um címbalo que retine”.
Gongo
e címbalo são barulhentos, todavia, são ocos e desprovidos de
conteúdo.
Sem amor,
por melhores que sejam nossas realizações, aos olhos de Deus, não são nada.
O
apostolo Paulo se agarra nesse conceito e o aplica a três áreas diferentes.
discurso de uma pessoa;
dons de uma pessoa;
sacrifício de uma pessoa;
Os dons de uma pessoa. “Se
eu tiver o dom de profecia e puder sondar todos os mistérios e todo o
conhecimento, e se tiver uma fé que move montanhas, mas não tiver amor, nada
sou” (1Coríntios 13.2).
A
igreja de Corinto era apaixonada por dons espirituais.
No
capítulo doze,
há uma lista completa: sabedoria, conhecimento, fé, cura, milagres, profecia,
discernimento de espíritos, falar em línguas, interpretação de línguas, ajudar
os outros, administração.
E
não há nada de errado nesses dons espirituais. Os dons espirituais
são ideia de Deus e é Ele quem os disponibiliza. Na verdade, os dons
espirituais são essenciais para edificar uns aos outros e funcionar
como a igreja de Jesus Cristo.
O
dom é um presente de Deus e Deus não presenteia com presente ruim. O problema é
que a natureza pecaminosa leva cada presenteado a fazer mau uso dos dons
espirituais. Alguns tem uma má compreensão dos dons espirituais, outros enfatizam
a importância de um e exclusão outros. Infelizmente, os coríntios cometeram um
grave erro diante dos dons espirituais.
Enquanto
no versículo 1 aprendemos que não se pode medir o valor das
palavras pela imponência do discurso, no versículo 2 aprendemos
que não se pode medir pela extensão dos dons.
O
apostolo Paulo no versículo 2, enumera três dons espirituais: os dons de profecia, conhecimento e fé.
O dom de profecia: é a capacidade dada pelo Espírito
Santo de falar as palavras de Deus ao homem. Paulo fala sobre o dom de profecia como o maior dom de
todos. Todavia, possui-lo não torna a pessoa melhor que a outra. “Se eu tiver este dom, mas não tiver amor, nada sou”.
O
propósito desse dom é para que haja fortalecimento, encorajamento e conforto da
igreja.
Deus
fala diretamente aos ouvintes enquanto estão sendo dirigidos através da
pregação da Palavra. Dessa forma, Paulo vira a lista de dons dos Coríntios de
cabeça para baixo e enumera o dom de profecia como sendo o dom espiritual mais
elevado.
O dom
do conhecimento: é a capacidade dada pelo Espírito Santo de ter compreensão
ou discernimento dos mistérios de Deus. Isso pode envolver uma palavra de
conhecimento onde Deus sobrenaturalmente dá a uma pessoa conhecimento direto
sobre algo que ela não teria conhecido por meios naturais. Também pode envolver
uma compreensão especial ou percepção das Escrituras.
O dom da fé:
é a capacidade dada pelo Espírito Santo de confiar em Deus.
Ao
enumerar esses dons espirituais, o objetivo do apostolo é destacar que os dons
espirituais não são um sinal de maioridade espiritual, mas da graça de Deus que
quer por eles beneficiar a todos. É como se o apostolo Paulo escrevesse: você pode profetizar, você pode
ter grande conhecimento e grande fé, e ainda não ser nada.
Sem
amor, mesmo nossas melhores realizações não são nada aos olhos de Deus.
O
apostolo Paulo se agarra nesse conceito e o aplica a três áreas diferentes.
discurso de uma pessoa;
dons de uma pessoa;
sacrifício de uma pessoa;
Dons são importantes! Dons são essenciais para o corpo
de Cristo! Todavia, “Se eu der tudo o que
possuo aos pobres e entregar meu corpo às chamas, mas não tiver amor, nada
ganharei” (1Coríntios 13.3).
Paulo
indica dois exemplos de um sacrifício de uma pessoa para com a outra.
Dar tudo o que possui aos pobres;
É
muito difícil se desfazer do dinheiro. O dinheiro tem um poderoso controle
sobre as almas. Têm pessoas que quanto mais ganha, mais difícil para ela se
tornar doar. Gosto de
dizer que é triste ver o filho passar fome enquanto a mãe tem dinheiro.
A
Bíblia ensina que é mais abençoado dar do que receber. Àqueles que guardam seu
dinheiro firmemente nunca saberão o que é ser alegre de verdade.
A
Bíblia ensina que precisamos ser generosos, em especial com os necessitados. E
para você que gosta de sempre ganhar, há recompensa para quem é generoso.
Todavia, minha generosidade não deve ser movida por esse desejo ganancioso de
ganhar algo. Disse Jesus: “Quando deres aos
necessitados, não o anuncies com trombetas, como fazem os hipócritas nas
sinagogas e nas ruas, para serem honrados pelos homens. Eu lhes digo a verdade,
eles receberam sua recompensa completa. Mas, quando deres aos necessitados, não
saibas a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que a tua doação fique
em segredo. Então teu Pai, que vê o que se faz em segredo, te recompensará”
(Mateus 6.2-4).
Observe
o detalhe no versículo três. O
apostolo Paulo não escreve para que apenas se dê muito, mas que se dê tudo.
Entregando seu corpo às chamas; esse é um exemplo de grande
sacrifício. É um ato de martírio que resulta em sofrimento pessoal e perda de
vida. Doar todo o seu dinheiro
já é bastante difícil. Dar
a vida é mais difícil.
Muitos
dos primeiros cristãos entregaram seus corpos às chamas, aos leões, à espada. Inúmeros
cristãos ao redor do mundo hoje continuam a sofrer por sua fé. No entanto,
Paulo escreve que mesmo que você dê sua vida no sacrifício final, se você não
tiver amor, você não ganhará nada.
Você não pode medir o valor de suas
palavras pela imponência de seu discurso. Você não pode medir sua maturidade
espiritual pela extensão de seus dons. E você não pode medir o tamanho de sua
recompensa pela profundidade de seu sacrifício. As palavras que você fala, os
dons que você tem, os sacrifícios que você faz – nada disso tem valor além do
amor. O
amor é a verdadeira medida de todas as coisas.
Como você mede sua vida? Dinheiro? Status?
Conquistas? A maneira bíblica de medir sua vida
é o amor.
O
amor descrito em 1 Coríntios 13 é um amor altruísta, que busca o bem do próximo
em vez de satisfazer os próprios desejos. Esse tipo de amor é um desafio, pois
estamos inclinados a pensar em nós mesmos em primeiro lugar.
E
para que você coloque o outro em primeiro lugar, Deus em Jesus nos amou
primeiro e nos colocou como obra prima de suas mãos. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann