03 de agosto de 2025
Oitavo
Domingo após Pentecostes
Salmo
100; Eclesiastes 1.2,12-14;2.18-26; Colossenses 3.1-11; Lucas 12.13-21
Texto: Ec
1.2,12-14;2.18-26 e Sl 100
Tema: Deus é bom o tempo todo!
Tarifaço do Trump
de 50% sobre os produtos do Brasil. O Trump gosta tanto de taxa que só falta chamar
o Haddad para ser seu ministro.
Na questão da
ética do trabalho, comparar EUA com a América Latina, é diferenciar a filosofia
divergente sobre o trabalho na vida das pessoas americanas e latinas.
Para os latino-americanos,
influenciados pela nobreza espanhola e a igreja católica, o trabalho é uma
maldição. O ideal é viver bem sem ter que trabalhar muito. Já para os norte-americanos,
sob a influência da ética protestante de trabalho, filosofia weberiana, ao trabalhar
muito e conseguir ser bem-sucedido, demonstra que foi escolhido por Deus. Para
os norte-americanos o trabalho é uma bênção.
O pensador
americano Ralph Waldo Emerson escreveu que “o
cume da sabedoria é entender que o tempo empregado no trabalho nunca é
desperdiçado”.
Criou-se uma
teoria de que pessoas que dependem de recursos governamentais são vagabundos. Todavia,
de acordo com a reflexão, o que entra em jogo é a diferença de pensamento sobre
o trabalho. Um latino-americano sempre vai querer ganhar e trabalhar pouco.
Numa rápida
leitura do texto de Eclesiastes, percebe-se que Salomão parece destacar o
trabalho mais como maldição do que bênção.
Por onze vezes,
Salomão emprega a palavra hebraica ‘amal que significa “esforço, desventura, fadiga, desastre”. Ao
usar essa palavra junto a expressão: enfadonho
trabalho (Ec 1.13), Salomão dá uma conotação negativa para o
trabalho. A ideia é que se faz um grande esforço e não se obtém nenhum
benefício, “correr atrás do vento”
(Ec 1.17; 4.16).
Salomão faz uma
reflexão em torno da formulação: “que proveito
tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?”
(Ec 1.3). A resposta é devastadora. Não há garantia de que tiraremos proveito
dos esforços nessa vida e essa resposta vai contra as nossas expectativas.
Quando Salomão
fala dessa forma sobre o trabalho, a razão é que, suor e sacrifício nos lembra
a queda em pecado (Gn 3.17,19). Não há como esperar muito de algo que sofre
consequências desastrosas devido à queda em pecado.
O interessante dessa
leitura escrita por Salomão é que na época Israel, pela primeira vez na sua
história, havia se tornado uma grande potência no Oriente Médio. E o receio de Salomão
era que seu filho estragasse tudo o que ele com tanto esforço havia conseguido.
A partir disso, temos a constatação de que muitas vezes se usa o trabalho como
um meio para sermos melhores que os outros. Pessoas não querem servir, mas ter
mais glória, mais fama e poder. Milhares não trabalham pensando na vantagem do
outro. O trabalho é movido pelo egoísmo.
O trabalho, se
tornou uma maldição para Salomão, pelo fato dele passar a confiar em seu
trabalho e não em Deus. Ele queria controlar seu destino. A verdadeira vaidade é confiar
em seu trabalho, dons e talentos.
Nosso valor não
está em nosso trabalho. As pessoas valorizam tanto o trabalho como valor
pessoal que muitas mulheres se sentem frustradas por cuidarem da casa e dos
filhos.
Tal como é
necessário haver um professor, é necessário haver um agricultor. Ambos são
importantes, necessários e essenciais. Todavia, é perigoso e corre-se o risco
de cair na tentação de Salomão em querer ser grande aos olhos do mundo por
causa daquilo que se faz.
Você
elogia sua esposa quando chega em casa e a casa está limpa?
Se a mulher limpar
a casa para ser elogiada e não for, chegará a conclusão de que seu trabalho não
vale nada. Se tornará uma vaidade.
Nosso trabalho é uma bênção (Ec 2.24-26)
quando se salienta que tudo que se possui e recebe vêm das mãos de Deus para usufruir
em nosso proveito (Ec 2.26).
A palavra ´amal
usada por Salomão foi usada pelo profeta Isaias para descrever a obra da
salvação realizada por Jesus Cristo (Is 53.11). Ou seja, o trabalho de Jesus
para conseguir a nossa salvação foi penoso. Todavia, o trabalho de Jesus
beneficia a muitos, por isso, o Senhor é a nossa porção (Ec 2.21; Sl 119.57).
Mesmo tendo apenas
o básico do dia a dia, reconhecendo isso como bênção de Deus, é muito mais
agradável do que ter um banquete todos os dias achado que é fruto do nosso
esforço. Esse é o diferencial conforme indicado pela explicação da petição da
oração do Pai Nosso: “O pão nosso de cada dia
nos dá hoje” - reconhecemos e recebemos com gratidão tudo o que Deus
nos dá para nosso sustento, somos criaturas e dependemos da sua graça.
Olhar e perceber o
trabalho com os olhos da fé, torna o trabalho uma bênção dada por Deus.
Falando em bênção,
o salmista convida: “Adorem o Senhor com alegria
e venham cantando até a sua presença” (Sl 100.2).
Gratidão
é a mãe de todas as virtudes!
Você
possui essa virtude? Você reclamou ou agradeceu hoje?
Thomas Watson,
pregador puritano escreveu: “a murmuração é
música para o diabo”.
A ingratidão conduz
a murmuração e é como um tapa olho que não permite ver as coisas boas que se possui
por recebê-las de Deus. Ao reclamar e agir com ingratidão, bênçãos se tornam ruins.
Quantas vezes o(a) filho(a) se torna
desagradável? A moradia inadequada? A comida sem sabor? O trabalho
desagradável?
A ingratidão, além
de fechar os olhos, leva a invejar o que é do outro e nutrir sentimentos de
avareza. Jesus disse: “Tenham cuidado com todo
tipo de avareza porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas
que ela tem, mesmo que sejam muitas” (Lc 12.15).
Há uma publicação
médica da universidade de Harvard onde se afirma a relação entre gratidão e felicidade.
A gratidão ajuda as
pessoas a serem mais positivas, aproveitar melhor os momentos da vida, e lidar mais
facilmente com os problemas. Melhora a saúde e auxilia na construção de
relacionamentos mais fortes.
Milhares de anos
antes dessa publicação médica de Harvard, a Palavra de Deus destacou a
importância e a necessidade da gratidão (1T 5.16,18). A gratidão não só oferece
e dá felicidade e bem-estar, ela também auxilia a superar a:
Murmuração (Sl 100.1);
Idolatria (Sl 100.2);
Orgulho (Sl 100.3);
Ingratidão (Sl 100.4);
A Bíblia não
registra o autor do Salmo 100. Todavia, o autor exalta a gratidão (Salmo100).
Você
reclamou ou agradeceu hoje?
“Cantem hinos a Deus, o Senhor, todos os moradores da
terra! Cantem hinos a Deus, o Senhor, todos os moradores da terra!”
(Sl 100.1)
O culto dos
hebreus era com muita música, instrumentos, trombetas e mulheres dançando (Sl
98.5-8). Durante o culto, o povo cantava o tempo todo.
O povo de Israel
recebeu a incumbência de ser luz para as nações, e o povo de Israel era luz
através da celebração, da adoração, da gratidão. E o salmista convida não
apenas o povo de Israel, mas todos os moradores
da terra.
“Adorem o Senhor com alegria e venham cantando até a sua
presença” (Sl 100.2).
Todo ser humano adora. Só resta saber quem
cada ser humano adora.
Foi Jesus quem disse
que ninguém pode servir a dois senhores (Mateus 6.24). Ou se serve um ou se
serve outro. Na carta aos coríntios, o apostolo Paulo escreveu que há um só
Deus (1Co 8.6).
Ao convidar para
que as pessoas adorem ao Senhor com alegria,
o salmista exorta para que no culto, os cânticos e os sacrifícios, não fossem
apenas um cerimonial sem vida e alegria. Cuidado para não ser Marta, estar na cozinha,
desejando estar na sala de estar. Ou seja, estar no culto de corpo, mas a alma
e o espírito nas ocupações ou outros lugares.
O Salvador Jesus faz
eco as palavras do salmista e exorta de maneira severa o perigo do mero
ritualismo: “Vão e procurem entender o que quer
dizer este trecho das Escrituras Sagradas: “Eu quero que as pessoas sejam
bondosas e não que me ofereçam sacrifícios de animais.” Porque eu vim para
chamar os pecadores e não os bons” (Mt 9.13).
Adore
o Senhor com alegria (Sl 100.2). A lei exige sacrifícios, dízimos, e esses precisam ser
ofertados com alegria. Tudo que possuo e tenho recebi das mãos de Deus.
Assim como o trabalho, as ofertas e a adoração só se tornam
um peso quando se passa a ignorar Deus como autor das bênçãos.
“Lembrem que o Senhor é Deus. Ele nos fez, e nós somos
dele; somos o seu povo, o seu rebanho” (Sl 100.3).
Perder a memória é
perder a sua identidade.
O verbo lembrar é um verbo essencial nas
Escrituras Sagradas. No último livro do Antigo Testamento, livro do profeta Malaquias,
o profeta alerta o povo de Deus para que se
lembre (Ml 4.4), ou seja, mantenha viva sua identidade.
O verbo lembrar (lembrem,
Sl 100.3) significa ter conhecimento adquirido
pela experiência. Lembrar que o Senhor é Deus é reconhecer a Deus como autor das bênçãos e
por isso, cantar e adorar.
Somos criaturas de Deus, resgatados por Deus (Sl 100.3).
Ser chamado de rebanho
de Deus é o mesmo que ser denominado como igreja. A igreja pertence a
Deus, por isso, lembrem que somos de Deus, somos
seu rebanho.
A maior cilada é
passar a encarar a igreja como uma organização humana e tratá-la apenas como
uma empresa.
A igreja é composta
por ovelhas e essas são classificadas pelo salmista como rebanho de Deus. Igreja são pessoas, igreja é
o povo de Deus. Um povo que canta, adora, oferta.
“Entrem pelos portões do Templo com ações de graças, entrem
nos seus pátios com louvor. Louvem a Deus e sejam agradecidos a ele”
(Sl 100.4).
Há um motivo especial para o salmista convidar a igreja a
cantar hinos, adorar, lembrar quem é Deus e entrar no Templo: gratidão.
E
qual é o motivo da gratidão?
“Pois o Senhor é bom; o seu amor dura para sempre, e a sua
fidelidade não tem fim” (Sl 100.5).
O fato de cantar
hinos, adorar, lembrar quem é Deus e entrar no Templo é motivo de louvor e
gratidão, pois, Deus é diferente dos deuses pagãos.
Os deuses pagãos
precisam de algum sacrifício para mostrarem sua suposta bondade. Deus, em
qualquer circunstância é bom.
Ele não é bom só
quando você o louva. Ao ser chamado a louvar e agradecer deve-se ao fato de Deus
ser bom o tempo todo, independente se estou adorando ou não.
O
Senhor é bom – isso significa que Deus conhece as
nossas reais necessidades e as concede não por merecimento da nossa parte. É graça
de Deus termos o que temos.
O
seu amor dura para sempre – Deus ama por ser amor! Ele não
espera minha atitude. Os deuses querem primeiro ser agradado para depois
supostamente ajudar. Deus auxilia, socorre, mesmo quando não o merecemos. Disse
Jesus: “...ele faz com que o sol brilhe sobre os
bons e sobre os maus e dá chuvas tanto para os que fazem o bem como para os que
fazem o mal” (Mt 5.45).
A
sua fidelidade não tem fim –
a palavra fidelidade é a forma
hebraica da palavra amém,
transmitindo o sentido de confiança e firmeza.
Dessa forma, ao
encerrar o Salmo 100 destacando a fidelidade
de Deus, o salmista visa exaltar que todo louvor e adoração se deve as ações de Deus por
nós e não para que nosso culto realize ou conquiste algo.
O culto só existe
por uma razão: Deus ter realizado algo por
mim e para mim. Os cultos continuarão a ser realizados, pois
Deus sempre concede suas bênçãos. Amém
Edson
Ronaldo Tressmann
Se desejar fazer um pix voluntário
edson.ronaldotre@gmail.com