segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Quaresma, maldição e bênção!

01/03/2017 - Quarta-feira de cinzas
Sl 51.1-13(14-19); Jl 2.12-19; 2Co 5.20b-6.10; Mt 6.1-6,16-21
Tema: Quaresma, maldição e bênção!

A maioria das pessoas não entendem o porquê de um calendário litúrgico. O tempo litúrgico visa auxiliar os cristãos a celebrar os acontecimentos mais importantes da fé cristã.  
A igreja cristã, segue um calendário dando destaque as principais datas religiosas que ao longo da história do povo de Deus foram celebradas. Todo o calendário litúrgico visa ressaltar a história da salvação.
O calendário litúrgico inicia-se com o ciclo de natal onde se celebra o nascimento de Jesus e sua manifestação (Epifania). Logo após, passa-se a celebrar a morte e ressurreição de Jesus (Quaresma e Páscoa). Segue-se o ciclo de pentecostes, onde se celebra a descida e atuação do Espírito Santo e a vida da igreja nesse mundo.
O tempo litúrgico está ligado ao termo grego leitourgia (liturgia e serviço). A liturgia e seu tempo litúrgico envolve a ação de Deus na história para salvação da humanidade e também sua ação através de seu povo no mundo. O objetivo é a salvação de todos os pecadores.
Com a quarta-feira de cinzas inicia-se o ciclo pascal. Período esse, onde cada qual tem a oportunidade de iniciar uma caminhada rumo a cruz junto com Jesus.
O início da Quaresma mostra que encerrou-se o primeiro ciclo do ano litúrgico (o ciclo do Natal, que, historicamente, é o mais recente, na medida em que a festa da Páscoa é muito mais antiga). Com a quarta-feira de cinzas a igreja cristã inicia seu segundo ciclo: o ciclo da Páscoa
Os dois ciclos (Natal e Páscoa) têm uma estrutura semelhante. Ambos são antecedidos por períodos de preparação (Advento para o Natal e Quaresma para a Páscoa).
A Quaresma é, como se sabe, um período de quarenta dias, sem contar os domingos (os domingos são sempre celebração da Páscoa!). São cinco domingos, mais o domingo de Ramos ou da Paixão. A temática em todos esses domingos gira em torno da obra de Jesus Cristo.
O tempo comum, ou seja, entre a Epifania e a Quaresma a igreja lembra as diversas formas com que Jesus se manifestou a todos através de seus milagres e ensinamentos sobre o Reino de Deus.
A Quaresma é bênção de Deus sob sua igreja, quando o mesmo nos dá a oportunidade de iniciar mais um período de Quaresma. Convém lembrar à igreja cristã, em especial a IELB, que o calendário litúrgico apenas auxilia pedagogicamente, ou seja, conduz com as leituras bíblicas ao centro, ao verdadeiro deposito da fé. Jesus fala sobre o verdadeiro depósito da fé, conforme narrado pelo evangelista Mateus: “Pois onde estiverem as suas riquezas, ai estará o coração de vocês” (Mt 6.21).
O calendário litúrgico auxilia os cristãos a depositarem sua fé em Jesus.
As palavras do capítulo seis do evangelho de Mateus apresenta toda a religiosidade hipócrita do homem. Uma religiosidade amparada no cumprimento de leis e tradições religiosas. Nesse sentido, o calendário litúrgico não é e nem pode ser apenas uma observância religiosa. Seu objetivo é me conduzir ao verdadeiro ensino: Jesus.
Merece destaque o fato de Jesus não condenar a religiosidade em si. Jesus ataca com veemência a religiosidade que busca esconder o verdadeiro designío do coração. Havia entre os ouvintes de Jesus, pessoas que aparentemente eram religiosas, mas verdadeiramente sem ter depositado sua fé naquele que é a verdadeira religiosidade: Jesus.
O calendário litúrgico só faz sentido e só é observado pela IELB por conduzir os filhos de Deus ao verdadeiro depósito da fé.
Disse Jesus: “Pois onde estiverem as suas riquezas, ai estará o coração de vocês” (Mt 6.21). O coração, denota o centro de toda vida física e espiritual. As riquezas, denota aquilo que é precioso ao ser humano. O que é precioso em sua vida física e espiritual?
Constantemente se é tentado a viver de aparência. Para muitos a quaresma deixou de ser um período de reflexão em torno da caminhada de Jesus rumo a cruz, para ser um período de cumprimento religioso. A quaresma deixou de ser um período evangélico, um período onde se é convidado ao arrependimento, e passou a ser um período carregado de legalismo, cheio de regras a serem observadas. Lembre-se, se caso alguém usa o período da quaresma para cumprir supostos deveres religiosos, Jesus disse: “já receberam a sua recompensa” (Mt 6.16). 
O termo usado pelo evangelista Mateus “receberam”, de acordo com o original grego, transmite a ideia de “segurar com firmeza”.
Assim, aqueles que supostamente desejam aproveitar a quaresma para cumprir deveres religiosos, estão apenas enchendo sua bola, mas não receberão nada além de elogios.
O exercício religioso, a vida religiosa, não é de maneira nenhuma um meio para aparecer ou se mostrar.
A religiosidade não visa apresentar-se ao mundo como alguém que na verdade não é. A verdadeira religiosidade apresenta aquilo de fato se é, ou seja, um pecador, o qual sem Jesus está verdadeiramente perdido.
A quaresma mostra nosso pecado, nossa natureza pecaminosa, a começar pelas palavras de Mateus, que nos diz que apenas nos gabamos de ser algo, mas, que na verdade nãos somos nada.
A quaresma é um convite para que o pecador arrependido saiba que sua maior riqueza não está nas coisas desse mundo ou nas suas supostas realizações religiosas. O pecador só pode agarrar-se firmemente em Jesus, o verdadeiro tesouro. O apóstolo Paulo escreveu aos coríntios: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5.21).
Jesus é a nossa justiça, ele oferece e dá o perdão. A fé em Jesus é a verdadeira religiosidade. E é para Jesus que o calendário litúrgico conduz os filhos de Deus.
A quaresma faz olhar para Jesus e depositar nEle toda a confiança. De nenhuma maneira a quaresma pode ser um período de hipocrisia e religiosidade aparente.
Disse Jesus: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). O pecador encontra a justiça de Deus em Jesus. Jesus oferece e dá o perdão.
A riqueza, Jesus, está disponível a todos pecadores. Jesus disse: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19.10). Entre esses perdidos eu me encontrava. Entre os perdidos muitos ainda se encontram. Deus em seu filho Jesus veio buscar a todos. Sei pela Palavra de Deus que “... nasci na iniquidade e em pecado me concebeu a minha mãe” (Sl 51.5). Pela Palavra de Deus que “... todos pecaram e carecem da glória de Deus”. Eu era carente dessa glória, mas, pela graça, Deus fui resgatado. Deus me resgatou em seu filho Jesus, pois: “... Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
Mesmo sendo bênção, a quaresma é também maldição. Isso quando o pecador cai na tentação de olhar para suas ações e sua religiosidade hipócrita.
Lembre-se: a quaresma é bênção, pois é um período em que o pecador é convidado a depositar sua confiança em Jesus, aquele que provou seu amor por mim, “... pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). Amém!

Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A Glória é a Cruz!

26 de fevereiro
Último Domingo após Epifania - Transfiguração do Senhor
Sl 2.6-12; Ex 24.8-18; 2Pe 1.16-21; Mt 17.1-9
Tema: A Glória é a Cruz!

Na festa mais popular do Brasil, carnaval, as pessoas usam máscaras e fantasias. A verdade é que as pessoas revelam o seu verdadeiro “eu” atrás da máscara ou da fantasia. As pessoas se auto revelam por detrás de algo que não apresenta seu rosto.
A transfiguração de Jesus que só pôde ser descrita como algo resplandecente como o sol e branco como a luz revela algo extraordinário.
O relato da transfiguração apresentado por Mateus e Marcos mostram que “seis dias depois” (Mt 17.1; Mc 9.2) Jesus foi transfigurado diante de Pedro, Tiago e João. O pesquisador Lucas, relata que a transfiguração de Jesus se deu aos mesmos discípulos, mas “oito dias depois” (Lc 9.28).
A enumeração dos “seis dias depois” ou “oito dias depois” é uma referência ao fato da transfiguração ter se dado após o anuncio de Jesus aos seus discípulos de que era necessário sofrer muitas coisas, ser crucificado e ressuscitar. 
O momento era crítico. O ministério de Jesus na Galiléia estava terminando e iniciando a sua subida a Jerusalém rumo a sua paixão e morte. A transição é marcada pelas palavras de Jesus: “quem quer ser meu seguidor, negue-se a si mesmo e tome a sua cruz” (Mt 16.24).
Jesus chama Pedro, Tiago e João e os leva, em particular, a um monte. Nesse monte, acontece algo fantástico: “E foi transfigurado diante deles; ...” (Mt 17.2; Mc 9.2). O evangelista Lucas relata que, ao orar, Jesus foi transfigurado.
O detalhe apresentado por Mateus e Marcos é que Jesus foi transfigurado “diante dos discípulos” Pedro, Tiago e João. Por mais que a luz fosse intensa como o brilho do sol, os discípulos não foram impedidos de ver a transfiguração.
Se houvesse os modernos celulares que há atualmente, teríamos essas cenas divulgadas em alguma rede social. Mas, como não havia fotos, tudo foi relatado pelos discípulos. Por mais que não houvesse palavras específicas para descrever o episódio da transfiguração, o evento foi real. Anos mais tarde o apóstolo Pedro em sua segunda carta relatou que: “...não demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares de sua majestade” (2Pe 1.16).
Pedro, Tiago e João viram Moisés e Elias.
Moisés e Elias foram os profetas mais importantes apresentados no Antigo Testamento. A presença de Moisés e Elias na transfiguração era a certeza do cumprimento de duas promessas feitas por Deus e relatadas no Antigo Testamento.
A promessa feita por Deus e transmitida por Moisés dizia que: “O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15).
João Batista, quando estava na cadeia enviou seus discípulos para perguntar a Jesus: “És tu o profeta que havia de vir, ou havemos de esperar outro” (Mt 11.3; Lc 7.19-20).
O profeta Elias, segundo relato bíblico (2Rs 2.11) foi levado vivo ao céu. Esse episódio deu origem a muitas crenças entre o povo de Israel, e uma delas era que os judeus esperavam a sua vinda antes do Dia do Senhor.
O evento da transfiguração é a confirmação de que Jesus é o profeta enviado por Deus. Isso se comprova diante do estado de exultação de Pedro, Tiago e João e a voz de Deus declarar: “...a ele ouvi” (Mt 17.5). Desde Moisés, o povo de Deus ouvira a promessa: “O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15).
Deus testemunha através de sua Palavra que Jesus é seu filho, o Messias, o salvador, o enviado para salvação de todos.
Na transfiguração o ponto importante não é o evento em si, não é o que os discípulos conseguiram descrever apenas como sol e luz. O ponto alto desse episódio é a pessoa de Jesus.
Quando Deus exclama para Pedro, Tiago e João: “... é meu Filho amado, em quem me comprazo; ...” (Mt 17.5), está trazendo a lembrança de que Jesus é o Cristo, o Salvador, assim como já havia sido anunciado desde a queda em pecado através de muitos profetas (Sl 2.7; Gn 22.2; Is 42.1; Dt 18.15).
Quão importante e necessária continua sendo a lição da transfiguração?
As pessoas estão começando a se impressionar com fatos, sinais, e se esquecendo de que Cristo é o Salvador.
Pedro, Tiago e João reconheceram que era bom estar ali com Jesus, Moisés e Elias. O tempo poderia parar ali. Ali eles poderiam viver para sempre. Mas, nesse exato momento são lembrados que Jesus é aquele que veio para cumprir a missão do Pai. Era necessário ir à Jerusalém. Era necessário tomar a cruz.
Milhares de pessoas estão buscando a igreja para resolver problemas físicos, imprevistos financeiros .... As propagandas são as mais variadas: PARE DE SOFRER; NOITE DOS MILAGRES. Os frequentadores dessas igrejas deixaram de ser congregados e passaram a ser clientes consumidores. Algumas poucas igrejas se tornaram estabelecimentos onde se adquire determinada bênção, basta ....
Foi Deus quem disse a Pedro, João e Tiago enquanto estavam em estado de êxtase: “Escutem o que ele diz” (Mt 17.5).
Quem é “ele”? A quem Deus se refere? Jesus.
Quem é Jesus? As palavras do Credo Apostólico que é uma confissão retirada de porções bíblicas responde: “Creio em Jesus Cristo, seu único Filho nosso Senhor, concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria...”. Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Jesus sabia e sabe que cada um necessita de bens espirituais, materiais e livramento do mal. Ele nos incentiva a pedir essas coisas na oração do Pai Nosso.
Jesus adverte para que não nos deixemos encantar tão somente pelas coisas desse e nesse mundo. Não se pode perder de vista que, como filhos de Deus, carregamos nossa cruz. Carregar a cruz nesse mundo em muitas situações requer abandonar coisas desse e nesse mundo.
Jesus é o cumprimento da promessa anunciada por Deus através do profeta Moisés (Dt 18.15).
Mateus escreve o evangelho aos judeus através de muitas citações do Antigo Testamento. O objetivo é mostrar aos judeus que Jesus era de fato o Filho de Deus que veio cumprir as promessas feitas e anunciadas por Deus em todos os tempos.
A transfiguração, um fato tão esplendoroso que, Pedro, Tiago e João apenas conseguiram descrever como Sol e Luz, apresenta Moisés e Elias no intuito de ressaltar a pessoa e obra de Jesus!
Moisés e Elias representavam a lei e os profetas. Jesus veio para cumprir a lei e os profetas (Mt 5.17; Rm 10.4; Is 53.5). O pesquisador Lucas em seu escrito, inspirado pelo Espírito Santo, mostra que o conteúdo da conversa entre Jesus, Moisés e Elias era justamente a sua caminhada rumo a cruz (Lc 9.31).
É necessário continuar carregando a nossa cruz. É bom estar livre de problemas por causa do evangelho e de Cristo, mas, por mais que seja bom estar tranquilo, é necessário carregar a cruz por causa do evangelho e de Cristo.
Nossa caminhada ainda não terminou. É preciso continuar. Por mais que a cruz esteja pesada, é preciso persistir e Jesus nos anima: “erguei-vos e não temais!” (Mt 17.7). Amém!

Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Vingue-se: ofereça o outro lado da face!

19 de fevereiro
7º Domingo após Epifania
Sl 119.33-40; Lv 19.1-2,9-18; 1Co 3.10-23; Mt 5.38-48
Texto para prédica: Mateus 5.38-48
Tema: Vingue-se: ofereça o outro lado da face!

O desejo de vingança pode levar uma pessoa a fazer coisas absurdas. Aquela velha mágoa escondida se pudesse ser vingada, como seria?
Casos absurdos como: Genghis Khan; Katie Collman; cartas de Alan Ralsky “pai do spam”; o massacre da noite de São Bartolomeu, retratam fatos absurdos que se faz por vingança.
Cientistas da University College London monitoraram a atividade cerebral de um grupo de voluntários enquanto estes observavam pessoas de quem gostavam e não gostavam sendo fisicamente castigadas. Enquanto as mulheres pareciam sentir empatia por todos os punidos, os homens mostravam sinais de prazer ao ver seus inimigos sentindo dor.
Os ditos populares: “aqui se faz, aqui se paga”; “deixa isso nas mãos de Deus”; “Deus fará justiça”; reflete o desejo que o ser humano tem de vingança. É conhecida a expressão de Ramón Valdez (1923 -1988): “A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena”. 
A vingança mata a alma e envenena por ser uma resposta impulsionada pela raiva, ódio, rancor e injustiça. A resposta vingativa está relacionada a falta de perdão. A falta de perdão “mata e envenena a alma”.
Pessoas vingativas canalizam todo o rancor para si mesmas. Esse rancor causa problema psicossomático, transtorno de alimentação, depressão e outros. Entre todos, o pior prejuízo é emocional.
O desejo de vingança começa na infância, quando a criança quer chamar atenção da mãe ou da professora. Pode chegar a ser patológica, quando põe em risco a vida de alguém (ameaças verbais e não verbais). A mês precisa de tratamento.
A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena”. No sermão do monte, Jesus fala sobre o comportamento extraordinário do cristão diante do desejo de vingança: “Volte o outro lado da face.
A vingança nos torna piores que nossos inimigos, enquanto que o perdão nos torna superiores.
Jesus convida a fazer parte de um grupo diferente. O grupo daqueles que não querem a vingança, mas oferecem a outra face ao agressor. Fazer parte desse grupo é um privilégio divino. É o privilégio daqueles que vivem a vida na alegria do perdão.
No mundo desenvolveu aos poucos a filosofia de que apenas os fortes sobrevivem. Esses supostos “fortes”, são aqueles que “não levam desaforo para casa”.
Ao falar aos seus discípulos, Jesus lhes orienta como viver adequadamente no regime espiritual. No Reino espiritual, Deus governa pela sua Palavra, objetivando a salvação.
Quando se constata que a “vingança” se tornou uma atitude normal, afinal, muitos veem na vingança um sinal de que a “justiça, principalmente a divina, foi feita”, se conclui que não se sabe a diferença entre justiça e vingança. A justiça visa reconciliar; a vingança visa punir, retaliar
Na época de Jesus havia confusão entre justiça e vingança. A lei que havia sido dada por Deus através de Moisés enquanto o povo estava rumo a terra prometida prescrevia: “olho por olho, dente por dente”. No entanto, os fariseus e escribas, enganados pela sua equivocada interpretação, chegaram a conclusão e ensinavam que a “vingança” era perfeitamente permitida pela lei de Deus.
Toda uma geração havia sido contaminada pela distorção da lei de Deus. Assim, ao invés de “amor ao próximo”, o povo sentia “ódio pelo malfeitor”. A vontade de Deus: “amor ao próximo” foi distorcido pela permissão a vingança. Havia equívoco entre a vida no regime espiritual e a vida no regime secular. 
Aquela velha mágoa escondida se pudesse ser vingada, como seria? Jesus disse: “...qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra;”. Essa é a melhor vingança! O ódio é superado com amor. 
Ao dizer “...qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra;” Jesus mostra que além de ser espiritual, é necessário viver como tal. Esse é o comportamento cristão perante Deus e o mundo. Esse é o conselho de Jesus para que os cristãos estejam com seus corações presos em Deus que deseja a reconciliação. O regime secular se preocupa apenas com poder, punição e vingança. O cristão vive no regime espiritual.
Muitos cristãos ocupam cargos públicos, tais como: vereador, advogado, juiz. Esses estão investidos de autoridade pelo próprio Deus. Quando estão exercendo seu ministério como autoridade secular precisam e devem cumprir com seu ofício público. No entanto, o cristão leigo, sem a investidura de autoridade secular, deve apenas esperar a execução daquele que está investido de autoridade, mas sem o desejo de vingança. Lembre-se: a justiça visa reconciliar, resgatar. E com o objetivo de resgatar o ser humano, o Espírito Santo, inspirou Moisés a escrever o livro de Levítico. Esse livro trata da santificação necessária para servir ao Deus santo. Pela fé na obra em Jesus sou tornado santo e na fé em Jesus sirvo a esse Deus santo. “Santo sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2).
Levítico capítulo 19 é uma orientação à vida santificada.
A santificação é apresentada no relacionamento com o próximo. O santificado, ou seja, aquele que foi e é perdoado em Jesus, promove a honestidade, a solidariedade e a justiça entre as pessoas.
Jesus no sermão do monte convida a todas as pessoas a se apegarem nEle somente. Somente Ele foi e é perfeito. Sua obra perfeita nos anima a viver o desafio divino. O ponto principal é que, quando não consigo viver o desafio de Deus, a fé na obra de Jesus (sua morte na cruz e ressurreição), me dá o perdão e desse perdão recebo forças para continuar realizando o desafio colocado por Deus. A fé no sacrifício de Jesus me torna perfeito aos olhos do Pai.
Jesus é a “justiça de Deus” - a reconciliação com o Pai.
Diante do pecado humano, Deus ofereceu a outra face e veio ao nosso encontro através da obra salvadora de seu Filho Jesus. Diante das nossas ofensas e pecados, Deus continua vindo ao nosso encontro para nos perdoar e auxiliar na vida de perdão. Amém! 






Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Na maior negligência humana - vivendo a verdadeira fé em Cristo!

12 de fevereiro
6º Domingo após Epifania
Sl 119.1-8; Dt 30.15-20; 1Co 3.1-9; Mt 5.21-37
Tema: Na maior negligência humana - vivendo a verdadeira fé em Cristo!

O trabalho de educação cristã é árduo e difícil. A dificuldade está no simples detalhe de que nem todos, igreja, sociedade e família estão unidos!
Muitas escolas iniciam o ano letivo nessa semana. O sonho de qualquer escola é que a família se envolva na vida escolar do filho. O sonho da sociedade é que a escola, a igreja e a família eduque melhor as crianças. O sonho das famílias é que a sociedade desenvolva programas educacionais atrativos para que as crianças se ocupem e os pais tenham tempo para trabalhar. O sonho da igreja, desde o desencadeamento da Reforma Protestante é que a família, igreja e sociedade estejam de mãos dadas na educação.
No entanto, cada qual, quer seja, igreja, sociedade ou família, transferem a responsabilidade para o outro e assim nenhuma das partes assume sua função essencial dentro da engrenagem para que se tenha verdadeiros cidadãos civis, políticos e cristãos.
Negligenciar uma criança, um jovem, não é um crime menor do que o de estuprar uma adolescente” (Lutero).
Em dois de seus escritos, 1524 e 1530, Lutero se ocupou com o tema educação. Entre tantos conselhos, destaco que “quando a escola progride, tudo progride”.
Mas, porque será que a escola não está progredindo? E em consequência, a sociedade?
O apóstolo Paulo na sua carta aos Coríntios diz que não pôde ensinar além do que ensinou aos Coríntios. Mesmo que os Coríntios tivessem sidos levados a fé, mesmo que estivessem em Cristo, eram apenas crianças nas coisas relacionadas a fé. Como “crianças na fé”, a mensagem cristã não podia ser além de leite. Não era possível prosseguir além do bê-á-bá.
Queridos pais!
Nas escolas, muitos filhos ao invés de aprenderem a disciplina propriamente dita, precisam aprender noções básicas de higiene, ou comportamento. O tempo que poderia ser aproveitado no real e verdadeiro ensino escolar, precisa ser gasto para ensinar o bê-á-bá de casa. 
Não estranhem, mas, o mesmo acontece com muitos dos alunos de catecismo. Eles precisam ser ensinados a orar o Pai Nosso, a confessar a fé com as palavras do Credo. A única expectativa de muitos pais ao matricular o filho no catecismo é que agora o mesmo irá aprender a orar. O pior é que muitos pais nem isso incentivam.
Todos são responsáveis, mas, se não houver uma parceria entre as famílias, a igreja e a sociedade, sinto muito, mas, os resultados serão muito poucos.
Como pastor e pregador convido as famílias cristãs a uma parceria!
O apóstolo Paulo escreveu: “se não é possível ir além do leite, do básico, é porque temos um problema”. E segundo o apóstolo Paulo o problema entre os coríntios persistia por um simples fato: eram “carnais”.
Será que não se pode ir além do leite por sermos carnais?
Ao iniciar sua carta aos coríntios o apostolo Paulo reconheceu aqueles cristãos como sendo “a igreja de Deus” e “santos em Cristo” (1Co 1.2). Também somos “a igreja de Deus” e “santos em Cristo”. Ainda, a exemplo da congregação de Corinto, há entre nós muitos dons. No entanto, apesar de ser “igreja de Deus”, “santos em Cristo” e “milionários em dons”, infelizmente, a exemplo do coríntios, ostentamos a velha natureza.
O povo de Deus prestes a entrar na terra prometida, ouve a sentença divina: “Escolham entre o bem e o mal” (Dt 30.15).
Era um momento crucial na história do povo que após quarenta anos estava por tomar posse da terra que havia sido prometida a Abraão, Isaque, Jacó. Lendo os episódios narrados pelos profetas é fácil saber qual foi a escolha do povo.
Se a escola progride, tudo progride! Se a família progride, tudo progride! Se a sociedade progride, tudo progride! Mas, se cada qual quiser progredir por si mesmo, nada irá progredir.
Os coríntios não podiam ser ensinados além do bê-á-bá não por serem pecadores, afinal, todos são pecadores, mas, porque os mesmos viviam como pecadores. Na sua vida religiosa, mostravam todo amor para com Deus e no dia-a-dia, esqueciam-se do próximo.
Dentro e fora da igreja não havia progresso! O ciúme e as discórdias destruíam a “igreja de Deus, os santos em Cristo...”. O apóstolo Paulo escreve aos coríntios para lhes dizer que o ciúme e a discórdia os apresentavam como carnais.
Não adianta fazer o que os coríntios estavam fazendo, ou seja, não adianta se esconder atrás dos dons, se o maior de todos, a fé, não se revela em amor ao próximo.
Os coríntios tinham uma vida eclesial excelente, mas, consideravam somente as coisas humanas. Buscavam sabedoria, mas a viviam em ciúmes e discórdias.
Todos são iguais no trabalho que prestam a Deus. Quem exerce seu ministério na sociedade, o precisa fazer da melhor maneira. Assim é com aquele que exerce seu ministério na escola e na igreja.
A sociedade em geral irá colher progresso se cada qual realizar o seu trabalho conforme o “Senhor lhe concedeu”. Ninguém pode fugir da sua responsabilidade. Não somos melhores ou piores devido ao nosso serviço, nossa importância está no fato de termos recebido de Deus um serviço para fazer. O resultado, o crescimento vem de Deus.
A sociedade, a escola e a família, precisam da ação de Deus. Essa ação é a mais necessária e importante. Deus age através da sua Palavra e Sacramentos. Deus é o grande trabalhador na igreja, na sociedade e na família. Mas, infelizmente, muitos diante da escolha entre o bem e o mal, optaram pelo mal e estão colhendo seus frutos.
Só em Deus, vivendo a verdadeira fé em Cristo, na certeza do perdão diário é que como ferramentas nas mãos de Deus iremos realizar adequadamente nosso trabalho (1Co 3.10) e assim, a escola, a sociedade e a família irão progredir! Amém.

Rev. M.S.T. Edson Ronaldo Tressmann

Dar a vida pelos irmãos! (1Jo 3.16)

  Quarto Domingo de Páscoa 21 de abril de 2024 Salmo 23; Atos 4.1-12; 1Jo 3.16-24; João 10.11-18 Texto: 1João 3.16-24 Tema: Dar a ...