segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Árvore com frutos!

2º Domingo no Advento
04 de dezembro de 2016
Sl 72.1-7; Is 11.1-10; Rm 15.4-13; Mt 3.1-12
Tema: Árvore com frutos!

        O que é necessário para que uma árvore produza bons frutos?
        Pelo aprendizado recebido na educação natural, sempre soube que uma boa adubação é certeza para que a árvore produza bons frutos. No entanto, há situações em que fica-se curioso com algumas árvores que mesmo sem estar numa boa terra, ou nem ter recebida adubação alguma, bons frutos são produzidos. Essas situações sempre me deixaram intrigado e incomodado. Assim, numa dessas conversas “ao pé do ouvido” com essas pessoas que dedicaram uma vida inteira no campo, fiquei surpreendido com um agricultor que certa vez me disse: “se a árvore não dá fruto, prega três pregos, e ferindo-a, verá que dará muito fruto”.
           O que é necessário para que uma árvore produza bons frutos?
        A resposta dessa questão está num belíssimo sermão proferido por João Batista. Um verdadeiro prego fincado nos seus ouvintes, com o qual tinha um só objetivo: “arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3.2).
          A admoestação ao arrependimento foi a divisa que caracterizava sua pregação. João, o Batista, se fixava numa mudança completa de mente e coração. O arrependimento era necessário para o advento do Messias.
          Quando João Batista proferiu essa mensagem, estava com 30 anos de idade. Residia nas montanhas e terras ásperas em direção ao Mar Morto, nas planícies ou campos que de lá se estendiam para o vale do Jordão. Jesus, a quem João se referia em seu sermão e a quem preparava o caminho, morava na pequena cidade de Nazaré.
        João, apelidado de Batista, era um pregador e admoestador. Proclamava e anunciava solenemente a vinda do reino do céu. João Batista era pregador de uma só mensagem: “arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3.2).
         Mesmo tendo uma só mensagem, João, o Batista, não era qualquer homem. Foi alguém pré-anunciado pelo profeta Isaías, quando esse transmitiu palavras de conforto a Jerusalém: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus” (Is 40.3). Foi também pré-anunciado pelo profeta Malaquias: “Eis que envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; ...” (Ml 3.1).
         João Batista tinha apenas um sermão e esse com um único propósito: Preparar. O sermão de João Batista tinha por objetivo ferir as pessoas, ferir corações e mentes, para a vinda do grande Rei da Misericórdia (Kretzmann).
           João Batista juntamente com Jonas, o profeta, em minha opinião, foi um dos pregadores mais felizes da história. Ambos, em pouco tempo conseguiram atingir muitas pessoas.
       No caso de João Batista, o sucesso do sermão foi instantâneo. Primeiro: vieram os da circunvizinhança. Pessoas de todos os lados do Jordão. Segundo: a mensagem foi buscada por ter atingido aqueles de dentro da Judéia e, terceiro: a mensagem atingiu e foi buscada pelos moradores de Jerusalém.
           É preciso deixar claro que o poder esteve na Palavra e não na pessoa de João Batista. Por mais que João Batista tenha sido pré-anunciado por Isaías e Malaquias.
        João Batista convidava as pessoas a se arrependerem. Os ouvintes estavam cheios de culpa. João Batista os chamava de “raças de víboras” (Mt 3.7). Os ouvintes eram árvores sem frutos, e tudo que desejavam era perdão para os seus pecados.
         A confissão de pecados, feita por indivíduos, era coisa nova em Israel. Havia a confissão coletiva no grande dia da Expiação (Lv 16), e em certos casos, uma confissão individual (Nm 5.7). Mas, uma confissão pessoal e instantânea, cada pessoa por si mesmo, era algo novo e magnifico.
          Assim como é em nossos dias, tudo que é novo e excepcional conduz a curiosidade. O texto não diz nada sobre tal, mas, pode-se deduzir que por curiosidade e fascinação, os fariseus que insistiam na observância exterior da lei e das tradições dos anciãos e os saduceus racionalistas que rejeitavam todos os escritos inspirados, com exceção dos livros de Moisés, foram ouvir e procurar o batismo. No entanto, esses, a julgar pela resposta de João Batista não foram batizados, afinal, os mesmos não produziram frutos dignos de arrependimento.
        Diante de árvores sem frutos, João Batista sabia que os fariseus e saduceus estavam lá por outro objetivo. Esses imaginavam que podiam forçar a entrada no reino dos céus. Assim, ouviram a exigência: “produzi, pois, frutos dignos de arrependimento...” (Mt 3.8).
         Produzir frutos – João Batista exige mudança completa de coração, “porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12.34). De nada valeria os fariseus e saduceus serem admitidos e batizados sem mudança de coração. Ou seja, sem estar firmes naquele que João Batista não era sequer digno de carregar as sandálias (Mt 3.11).
          João Batista sabia que os fariseus e saduceus ali estavam pelo simples fato de se julgarem merecedores, afinal, eram descendentes de Abraão. Assim, eles pensavam e argumentavam (Jo 8.33,39). Por serem filhos de Abraão mereciam todas as bênçãos de Deus, inclusive o Batismo que João Batista oferecia.
         Querido e querida, em muitas mensagens tenho ressaltado que não adiante ser apenas batizado e filiado a igreja. A palavra de Deus é clara ao dizer: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc 16.16). Observe: quem não crer será condenado. Não quero entrar profundamente no mérito da questão, mas, é necessário pensar que apenas o rito batismal, como mero costume, é ter a mesma atitude dos fariseus: sou batizado na igreja.
           É necessário viver o batismo na vida diária, ou seja, a cada novo dia, arrepender-se, viver sob a graça do perdão e do amor de Deus em Jesus. Só vive o batismo na vida diária aquele que já está na fé verdadeira. E na fé verdadeira produz verdadeiros frutos.
      João Batista, como que pregando um prego na árvore exclama: “produzir bons frutos”. Pare de viver no “ex opere operato”, ou seja, não frequente a igreja por frequentar. É necessário arrepender-se.
         Arrepender-se envolve mudar de rumo, mudar de mente. “Jesus nos batiza com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11). Isso quer dizer que todo aquele que se arrepende de seus pecados recebe o perdão, o consolo, e todo aquele que não se arrepende e não recebe Jesus como seu salvador, não entrará no reino de Deus. Amém!


Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Palavra aos desigrejados!

27 de novembro de 2016
1º Domingo no Advento
Sl 122; Is 2.1-5; Rm 13.11-14; Mt 21.1-11ou Mt 24.36-44
Tema: Palavra aos desigrejados!
Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor” (Sl 122.1)

         Entre os muitos problemas que afligem a igreja destaca-se a onda do “cristianismo sem igreja”. A sociedade está insatisfeita com muitos religiosos que apenas tem explorado a fé das pessoas, e assim tem elaborado um cristianismo diferente, despersonalizado e individualista. Esse por sua vez é caracterizado como “cristianismo sem igreja”.  
         O sermão é pregado para pessoas que estão numa congregação local e é pela perspectiva do Salmo 122 é necessário falar sobre os desigrejados. A razão para se falar sobre isso está no fato de que muitos que hoje fazem parte de uma congregação local correm o risco de se tornar um desigrejado. Muitos dos que hoje fazem parte da estatística dos cristãos sem igreja, algum dia fizeram parte de uma congregação. É necessário, urgente e imprescindível transmitir o recado do Rei Davi através do Salmo 122: a importância da adoração e da comunhão.
    “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor” (Sl 122.1).
   O salmo 122 foi escrito num momento muito especial. Davi havia unificado o reino de Israel. Havia conquistado Jerusalém dos Jebuseus. Os jebuseus por ocasião da conquista da terra de Canaã deveriam ter sido expulsos, mas, não o foram. Assim, Jerusalém ficou sendo a cidade de Jebus (dos Jebuseus - Jz 19.10-12). Logo após a conquista de Jerusalém, o rei Davi a tornou capital do reino e o local da sede do governo nacional.
         Em Jerusalém o rei Davi construiu o tabernáculo e colocou a arca da aliança. Em Jerusalém, o rei Davi planejou construir o Templo, mas não o pode (1Cr 17.1-14).
         A arca da aliança foi conduzida da casa de Obede-Edom à Jerusalém ao som de trombeta, gritos de guerra e muitos cânticos. Davi dançava alegremente (1Cr 15.25-28). Nesse episódio, Davi foi inspirou pelo Espírito Santo à compor o salmo 122, onde o objetivo é mostrar a importância da adoração e da comunhão.
         A arca da aliança, bem como o tabernáculo representavam a presença de Deus entre o seu povo. Assim, havia alegria em poder estar na companhia do Senhor. Ir à Casa de Deus, é ir ao local onde a presença de Deus se faz ver através da proclamação da Palavra e dos Sacramentos.
       “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor” (Sl 122.1). Nessas palavras não se pode simplesmente dizer que o salmista ignora outros motivos de alegrias. O fato é que Davi apenas diz que ao ser convidado à ir na Casa do Senhor, se alegra.
       Seria maravilhoso se as pessoas ainda hoje se alegrassem ao ser convidadas para estar na Casa do Senhor. Afinal, estar na casa do Senhor é estar na companhia de Deus.
         Desde o momento em que se deixa a própria casa até chegar ao templo, muitos episódios acontecem. Alguns desses episódios entristecem, outros alegram. Devido aos episódios entristecedores muitas pessoas preferem ter ficado em casa.
         Em algum momento em um culto, você já sentiu vontade de nem ter vindo ao culto? Porque? Qual motivo? Bem, eles podem ser os mais variados. Mas, a nossa alegria está em receber a visita de Deus através da Pregação da Palavra e no Sacramento. Deus vem ao nosso encontro!
         “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor” (Sl 122.1).
         Ao deixar a própria casa é necessário lembrar que não se está indo apenas para um encontro com outras pessoas, mas para um encontro com Deus.
         O salmo 122 é um salmo de peregrinação. Seu ponto alto não é a peregrinação, mas, o término da peregrinação. A alegria está em saber onde se está indo (Sl 55.14) e para que se está indo (Dt 16.16-17). Em comunhão todos louvavam a Deus (Sl 42.4).
         “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor” (Sl 122.1). O auge desse Salmo é a chegada em Jerusalém as portas do Templo. Ao deixar sua casa, recorde-se: aAlegria ao ir à Casa do Senhor” (Sl 122.1) está no encontro de Deus conosco no Templo.  
         Assim como na época em que o Salmo foi escrito, todos se reuniam, mesmo sendo diferentes, de tribos (estados) diferentes, uniam-se na mesma fé. Naquele momento as diferenças ficavam de lado, era um único povo, num só propósito. A comunhão no Templo representava união política, social e fraternal.
         O rei Davi por muitas vezes presenciou o desequilíbrio na ordem política e social. Essa situação havia sido resolvido com a conquista de Jerusalém e, a comunhão no tabernáculo era a prova dessa ordem estabelecida. Para que o desequilíbrio político e social não ocorresse novamente, o rei Davi exorta ao encontro com Deus e a oração pela paz de Jerusalém (Sl 122.6).
         A paz em Jerusalém representava e produzia paz para todos os israelitas. Davi não pensa apenas na estabilidade religiosa, mas também política e social. Essa estabilidade seria fonte de segurança e paz para todos.
         A visão profética anunciada ao profeta Isaías (Is 2.1-5) fala da exaltação de Jerusalém e do Templo como sendo no futuro, o local de encontro de todas as nações (Ml4.1-3). O profeta Isaías fala desse reino de paz cumprido em Jesus, o descendente da Davi, o “tronco de Jessé... rebento, o renovo” (Is 11.1).
         Ao saber que Jesus é a paz de Jerusalém e a paz do mundo. Exultar “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor” (Sl 122.1) é justamente alegrar-se por se estar indo à fonte da paz para buscar e receber a paz.

M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Dia de Lembrança!

20 de novembro de 2016
Ultimo Domingo do Ano da Igreja
Salmo 46; Malaquias 3.13-18; Colossenses 1.13-20; Lucas 23.27-43
Tema: Dia de lembrança!

         A tecnologia avançou, mas a mesma através da rede social facebook constantemente faz relembrar fatos ocorridos a alguns anos atrás. Por mais que se tenha perdido o hábito de olhar álbuns fotográficos, a humanidade em seu avanço tecnológico precisa constantemente relembrar. Relembrar o passado é reviver com intensidade!  
         O próximo final de semana, o último domingo no calendário eclesiástico é considerado o domingo da lembrança. O último domingo da igreja é considerado o “Domingo do Cristo Rei”.
         Essa designação é uma viva expressão de fé. Uma fé confessante, ou seja, o ano “terminado” foi um ano abençoado pelo Cristo Rei. O Cristo vencedor da morte, do diabo e do mundo, aquele que ressuscitou, governou o ano e sua igreja.
         O último domingo da igreja é o domingo de lembrança – a lembrança de que é “o Cristo Rei” que os cristãos seguem e confessam.
         Quem e qual é o Cristo Rei que os cristãos seguem e confessam?
         Essa questão precisa ser refletida e respondida com muita calma. Para tal, é preciso relembrar as palavras anunciadas pela carta do apóstolo Paulo aos Colossenses (Cl 1.13-20), também as palavras do evangelista Lucas (Lc 23.27-43). As palavras anunciadas por esses dois homens inspirados pelo Espírito Santo, lembram e relembram o Cristo Rei.
         O apóstolo Paulo relembra aos Colossenses que “Ele (Jesus) nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13).
           Jesus é o rei libertador das trevas, do domínio do diabo, do pecado e da morte eterna. O Rei Jesus domina no e pelo seu amor. Por causa desse amor, o apóstolo Paulo relembra que Jesus “transportou (e transporta) para o Reino do Filho do seu amor”.
         O “Filho do seu amor” é uma referência direta a obra do Cristo Rei. Jesus é o enviado de Deus para oferecer e dar a redenção.
     Redenção é um dos termos fundamentais da Bíblia. O mesmo compreende toda a história da salvação desde a remissão dos pecados até à ressurreição dos mortos. Redenção provém do latim “redimere” que é tradução do termo grego “lutrosis” ou “apolutrosis” e significa libertação através do pagamento de um resgate; soltura de quem está em escravidão ou prisão por dívida não paga.
          Ao escrever que os colossenses são “...filhos da promessa” o apóstolo Paulo relaciona os mesmos como descendentes de Abraão, Isaque e Jacó. Dessa maneira relembra aos Colossenses que eles eram escravos e foram libertados à exemplo da libertação da escravidão egípcia.
        É necessário lembrar e relembrar constantemente que “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1. 13 – 14), afinal, ter sido transportado significa que o cristão foi redimido.
       A lembrança da redenção era necessária e urgente. Muitos cristãos colossenses eram ex gentios que haviam sido transportados para uma nova vida pelo perdão. A lembrança da redenção recolocaria aqueles cristãos na certeza da salvação, haj visto que muitos estavam sendo ameaçados pela heresia colossense. Uma heresia que havia desviado muitos do padrão doutrinário cristão. O desvio ocorreu por causa das muitas correntes de pensamentos de fora da doutrina. Essas correntes se infiltraram na igreja por serem atrativas (2.16 – 17; 2.11; 3.11; 2.21; 2.23; 2.18; 1. 15 – 20; 2.2 – 3.9; 2.2; 2.4,8). Muitos cristãos passaram a compreender que o evangelho precisava ser complementado por algo.
        Ao saber que por causa da distorção do entendimento quanto ao evangelho, alguns cristãos de Colossos haviam se desviado da verdade, o apóstolo Paulo escreve uma carta onde exalta a superioridade de Jesus Cristo. O apóstolo mostra que Jesus é Senhor da criação e da reconciliação, Jesus é o mediador entre Deus e os homens.
         Jesus é o Rei!
     Quando Jesus foi enviado para realizar a missão da salvação, a expressão “Jesus é Rei” passou a ser escandalosa. Os judeus não suportavam a ideia de que o Cristo Rei fosse humilde, indefeso e aparentemente fraco. Pilatos não acreditou (Jo 18.37) que aquele homem diante dele no tribunal era o tão esperado Messias dos judeus.
       Assim como Pilatos, os líderes religiosos também duvidaram: se tu és o Messias...desça da cruz ... (Mc 15.32). Os soldados manifestaram: salve, rei dos judeus! ... (Mt 27.29). Um bandido exclamou: não és tu o Cristo ... (Lc 23.39). Acima da cabeça de Jesus, n alto da cruz registram: o Rei dos judeus (Jo 19.19). E em meio a toda essa zombaria e descrença do Cristo Rei, de onde não se esperava, surgiu uma bela confissão: quando vieres no teu reino... (Lc 23.42, um ladrão arrependido).
       O último Domingo da Igreja é o domingo da lembrança: Jesus é o Rei! É o domingo onde o cristão é relembrado sobre o Jesus da cruz. É na cruz que o cristão descobre qual e quem é o Rei Jesus que segue e confessa.
         Os cristãos de todas as épocas esperavam que Jesus viesse em glória e com seu exército de anjos em majestade e glória para julgar os vivos e os mortos. Mas, o que muitos haviam esquecido é que antes desse dia que está por vir, era necessário passar pela cruz. Na cruz o cristão lembra e relembra o Cristo Rei.
       Jesus é o Rei enviado para se manifestar na cruz. Todos aqueles que creem que “Ele (Jesus) ... libertou do império das trevas e ... transportou para o reino do Filho do seu amor, ...” tem o que o Rei oferece e dá ... a redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1. 13 – 14). Amém!

Rev. M.S.T. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Recomendação aos ociosos!

13 de novembro de 2016
26º Domingo após Pentecoste
Salmo 98; Malaquias 4.1-6; 2Tessalonicenses 3.6-13; Lucas 21.5-28
Tema: Diante fim, viva normalmente!

         Muitas são as frases memoráveis ditas pelos personagens do seriado mexicano Chaves. Uma das que me lembro foi pronunciada pelo personagem Madruga: “Não existe trabalho ruim. O ruim é ter que trabalhar”.  
         Ruim é ter que trabalhar – é uma frase dita por aquelas pessoas que não veem objetivo nenhum no seu trabalho. Milhares de pessoas trabalham com a filosofia do desenho animado Simpsons, não fazem greve, mas atuam relaxadamente”. Há milhares de pessoas que trabalham, no entanto, seu trabalho visa tão somente uma boa casa, um bom carro .... É um trabalho voltado ao capitalismo consumista.
         A epístola do apóstolo Paulo aos tessalonicenses, em especial - 2Ts 3.6-13 – limita-se ao assunto trabalho. Se porventura algum leitor estender a mesma até o verso 16 poderá compreender o trecho como uma disciplina comunitária. Mas, é possível, mesmo sem a leitura dos versos 14 ao 16, refletir sobre a disciplina comunitária quanto ao trabalho.
         A segunda carta aos Tessalonicenses foi escrita numa situação histórica especifica. Essa determinada situação histórica conduziu muitos cristãos daquela congregação a um problema característico. O problema era resumido da seguinte maneira: se Cristo estava para voltar - não havia necessidade de trabalhar. Para piorar a situação, aconteceu que além de não estarem trabalhando, estavam se intrometendo na vida de outras pessoas (2Ts 3.11), “as pessoas se intrometiam em coisas que não lhes dizia respeito” (1Tm 5.13).
         A ociosidade não era devido ao desemprego, mas pela falsa interpretação de que estando próximo o fim, não havia necessidade do trabalho. Porque trabalhar? Investir? Construir? O trabalho passou a ser realizado numa perspectiva meramente humana.
         Os sinais apontavam a iminente volta de Cristo. Diante do fim, era necessário viver sem preocupação com as coisas desse mundo. A única dedicação cristã deveria ser a oração, a reflexão e o aumento no número de adeptos.
         A mensagem sobre a iminente volta de Cristo estava desanimando muitos quanto ao trabalho. A consequência disso foi o rápido empobrecimento de um pequeno grupo da congregação. E esse grupo, devido a ociosidade acabou precisando ser sustentado. Passaram a ser um peso para outros cristãos.
         Nessa situação, o apóstolo Paulo manda um recado: A congregação tem permissão para assumir uma santa preguiça? A ociosidade diante de uma falsa interpretação preocupou o apóstolo Paulo. A ociosidade colocava em cheque a mensagem do evangelho. O trabalho passou a ser tido como algo mundano e deveria ser desprezado já que todos estavam diante da volta de Cristo.
         Enquanto esteve em Tessalônica, o apóstolo Paulo hospedou-se na casa de Jasom (Atos 17.5). Mesmo sendo apóstolo e hospedado na casa de um irmão na fé, Paulo trabalhou para pagar seu sustento (1Co 9.3-14; 2Co 11.7-10). E ao escrever a segunda epístola aos Tessalonicenses, Paulo recomenda que os cristãos esperem a volta de Cristo vivendo na normalidade do dia-a-dia. Dentro dessa normalidade, era necessário continuar trabalhando em prol do sustento.
         Ao encararem o trabalho como carnal e sem necessidade diante do retorno de Cristo, o apóstolo Paulo apresenta o mesmo sob outra perspectiva. O trabalho é agradável a Deus. Cada qual precisa saber os benefícios do trabalho.
         O apóstolo Paulo recomenda que os cristãos não deixem de trabalhar e de viver sua vida normalmente por causa de entusiastas que estão atrapalhando o evangelho. O trabalho do cristão é feito com tranquilidade (2Ts 3.12).
         Ao expressar sobre a tranquilidade (Hësychia) do trabalho, o apóstolo fala sobre a paz e o sossego do mesmo. Essa paz e sossego provém da certeza de que tudo quanto se possui e é, são bênçãos divinas.
         É necessário lembrar que apenas um pequeno grupo na congregação em Tessalônica estava encarando o trabalho como algo mundano realizado tão somente para o mundo e para benefício do mundo. Assim, recomendações, tal como a de Jesus “...não andeis ansiosos pela vossa vida...vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;...” (Mateus 6.25,32) passou a ser compreendida como estímulo a preguiça. E para combater essa falsa interpretação o apóstolo Paulo escreve a segunda carta aos Tessalonicenses.
         O cristão trabalha tranquilamente neste mundo, ou seja, em paz e sossego, reconhecendo que o mesmo é uma bênção de Deus. O trabalho do cristão é diferente dos outros trabalhos. A diferença está no fato do cristão não estar amarrado ao sacrifício material, capitalista e consumista que o trabalho impõe. O cristão sabe que seu trabalho não visa apenas as coisas desse mundo. O cristão compreende que seu trabalho é uma realização de amor ao próximo. O trabalho cristão visa servir ao próximo. Nessa perspectiva a recomendação do apóstolo Paulo é que cada um espere pelo senhor servindo ao seu próximo, pois, em Jesus, todo pecador foi servido por Deus. Amém!


Rev. M.S.T. Edson Ronaldo Tressmann

terça-feira, 1 de novembro de 2016

O anticristo não deixa ir à salvação!

06 de novembro de 2016
25º Domingo após Pentecoste
Salmo 148; Êxodo 3.1-15; 2Tessalonicenses 2.1-8, 13-17; Lucas 20.27-40
Tema: O anticristo não deixa ir à salvação!

         O apóstolo Paulo nos deixa um texto (2Ts 2.1-17) riquíssimo em temas: Vinda de Jesus Cristo (v. 1); Opondo-se e se levantando contra Deus (v. 4); Revelação do mistério da iniquidade (v.7); Dando graças a Deus por ter nos escolhido (v.13); Permanecer firme e guardar as tradições (v. 15). No entanto, todos esses temas, conduzem o leitor e ouvinte a uma única reflexão: é preciso cuidar para que ninguém tire o Evangelho do centro.
         Numa mensagem apocalíptica, muitos imaginam apenas encontrar os temidos sinais do terremoto, guerra, pai contra filho, filho contra pai, .... No entanto, o apostolo aponta para outro sinal, e esse por sua vez, é sorrateiro, perigoso e pode causar dano eterno. O sinal é apresentado como sendo: “homem da iniquidade” (2Ts 2. 3). Esse homem da iniquidade é inimigo de Deus e de Jesus Cristo.
        Muitos buscam mostrar que o fim do mundo está próximo, encontrando e apontando para os sinais evidentes, mas o que pouco se fala é sobre o anticristo. O anticristo é descrito pelo apóstolo Paulo como sendo “adversário de Cristo, que se exalta sobre tudo que se chama Deus ou se adora como Deus, e se assenta no templo de Deus como se fosse Deus” (2Ts 2.3,4). É difícil saber quem é o anticristo, pois o mesmo faz parte da igreja. Mas, o Espírito Santo moveu Paulo a escrever a sua característica principal: “adversário de Cristo”.
         Milhares de pessoas que se autodenominam cristãs, não sabem o que constitui o anticristo e o domínio do anticristão. As pessoas veem o reinado do anticristo no panteísmo, materialismo, ateísmo, socialismo, niilismo, anarquismo e outros terríveis ismos dos quais a idade moderna se tornou herdeira. No entanto, o anticristo está sentado no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus (2Ts 2.4).
         O papado e o papa são tidos como sendo anticristo. Afinal, ao tentar se aproximar de outros, o faz com a máscara de estar interessado pela causa de Cristo e da igreja cristã, mas, a verdade é que seu real intuito e objetivo é apenas lutar em favor de si mesmo e de seu domínio.
         O anticristo é aquele que encara Jesus Cristo como um novo Moisés, um legislador, e transforma o evangelho em doutrina de obras meritórias ao mesmo tempo em que (o anticristo), condena e amaldiçoa os que ensinam que o Evangelho é a mensagem da graça ilimitada de Deus em Cristo. Assim, o anticristo não está apenas no papado. O anticristo não aceita o evangelho no real e verdadeiro sentido da palavra. O anticristo se interessa mais pelas leis da sua igreja, que pela própria lei de Deus.
         Essa semana muitos vibraram com a visita do Papa Francisco à Suécia para as comemorações dos 500 anos de Reforma. No entanto, quero destacar um fato que merece nossa atenção. Dois meses antes da morte de Lutero, foi aberto o Concilio de Trento. O objetivo era curar feridas mortais que o papado havia recebido pela Reforma proposta por Lutero. Era necessário reconstruir o papado.
         Nesse Concílio, na sexta sessão, foi feito o seguinte decreto: “Se alguém disser que os homens são justificados somente pela imputação da justiça de Cristo ou somente pelo perdão dos pecados, excluindo-se a graça e o amor que através do Espirito Santo são derramados em nossos corações, e lhe são inerentes; ou que a graça pela qual somos justificados nada mais é do que favor de Deus – que seja anátema...
         O papado até tem a cruz, mas sem seu significado em conexão com Cristo. Sempre voltam a Maria para que ela evite que o navio de Pedro afunde.
         O anticristo é “adversário de Cristo”, ou seja, não deixa Cristo sobressair-se, ou ser evidenciado assim como verdadeiramente deveria ser: o salvador, o único e suficiente salvador.
         Queria muito que desse encontro na Suécia o papado fosse convertido a Cristo como sendo seu Salvador, mas, temo na verdade é que aqueles que estão em Cristo se rendam à tradição e excluam Cristo.
         Vive-se numa época apocalíptica, e a grande tentação é seguir qualquer um. Nesse período apocalíptico é necessário estar e permanecer em Cristo, ...porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2Ts 2.13). Sim, o Espírito Santo chama à fé e preserva na fé pela Verdade, por isso, o anticristo é adversário de Cristo, ou seja, não permite que Cristo seja evidenciado, pois, sem Cristo, não há salvação.
         O viver cristão consiste num constante ir. Ir para a salvação. Esse ir para a salvação é um ponto central para o entendimento do texto, afinal, milhares de pessoas vivem suas vidas como se a vida fosse interrompida pela morte. Não há um lugar para ir. Não há um refúgio. Talvez, seu refúgio seja deixar alguém que reze por sua alma, para que a mesma seja liberta do purgatório. Quanta miséria é viver sem a certeza da salvação.
         Não se sabe quando será a vinda de Jesus Cristo, ou mesmo o dia da morte. A preocupação não deve ser o dia e a hora, como uma oportunidade de arrependimento. O Espírito Santo me conduz na fé e na verdade hoje. A minha vida consiste em estar indo em direção à salvação.
         Muitos já se revoltaram contra Deus e o abandonaram. Esse abandono ocorreu e ocorre pelo fato de se deixarem conduzir pelo erro, pela mentira, pelo engano. Foram iludidos assim como Eva e Adão.
         Buscar sinais dos tempos do fim não ajuda em nada. Por busca de sinais, o anticristo, o adversário de Cristo, não deixa que muitos o vejam como alguém que desvia de Cristo e da salvação eterna.
         Ficar exclamando que Jesus breve virá, não auxilia e nem consola as pessoas. É necessário que se diga que o grande perigo é desviar-se da “santificação do Espírito e fé na verdade...” (v.13), ou seja, da verdade do evangelho.
         Ficar preso aos sinais que supostamente se darão no ar, na água e na terra, apenas afastará as pessoas do maior sinal, ou seja, desviar-se do evangelho que é o meio pelo qual Deus nos chamou e chama para alcançar a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém!

Rev. M.S.T. Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia


A correta distinção de lei e evangelho, um conjunto de preleções de Carl Ferdinand Wilhelm Walther. Fora proferidas entre os anos de 1884 – 1885 e estenografadas e transcritas por alunos de teologia do Seminary de Saint Louis, EUA.

Dar a vida pelos irmãos! (1Jo 3.16)

  Quarto Domingo de Páscoa 21 de abril de 2024 Salmo 23; Atos 4.1-12; 1Jo 3.16-24; João 10.11-18 Texto: 1João 3.16-24 Tema: Dar a ...