segunda-feira, 27 de junho de 2016

Evitando a mordida de dois cachorros!

03 de julho de 2016
7º Domingo após Pentecostes
Sl 66.1-7; Is 66.10-14; Gl 6.1-10,14-18; Lc 10. 1-20
Tema: Evitando a mordida de dois cachorros!

       Em cada 10 casas, 4 delas possuem em cachorro. Os nomes de cachorros são os mais variados. Baseado nesse número, acredito que estarei falando com você a respeito de dois cachorros, aos quais o apóstolo Paulo nos diz na sua carta aos Gálatas.
      Os dois cachorros recebem os nomes de: “vanglória” e “inveja”. Ninguém está livre de ser mordido por um desses dois cachorros que se não estão em nossa casa, a ronda diariamente. Espiritualmente é perigoso ser mordido pela “vangloria” ou pela “inveja” ou até mesmo por ambos. Infelizmente, dia após dia, um desses dois cachorros morde o cristão.
     Esses dois cachorros, ou um deles, pode atingir e morder a vida espiritual do cristão, principalmente, impedindo-o de ter uma vida congregacional.
       Para evitar que a mordida do cachorro “vanglória” e do cachorro “inveja” atinja os filhos de Deus, o apóstolo Paulo habilmente escreve sete conselhos na carta aos Gálatas capítulo 6.
      1 Corrigi, com espírito de brandura, aqueles que foram surpreendidos em alguma falta;
        2 Levai as cargas uns dos outros; (Lutero diz que o cristão precisa ter ombros largos e ossos fortes para carregar a carne, (não para o churrasco), mas a fraqueza do irmão.
        3 Cada qual prove seu labor; (O que eu fiz? Que dever não cumpri?) cada qual deve olhar para si mesmo.
       4 Participe das coisas boas que o instrutor te oferece; (Qual a razão em ir à uma auto escola? Para aprender a dirigir! Se não for para isso, perde a razão de ser. Participe, receba com alegria o ensino que lhe é oferecido na Palavra de Deus).
       5 De Deus não se zomba; (1Co 6.9; 15.33; Tg 1.16). Não despreze o plano divino. Não busque ultrapassar a Deus em astúcia. O primeiro homem e a primeira mulher desejaram ser iguais a Deus, vejam só no que deu. Podemos zombar de Deus quando falsificamos sua Palavra e até mesmo quando não levamos a sério sua Palavra. Por isso oramos: “Seja feita a tua vontade assim na terra como no céu”.
       6 Não deixe de fazer o bem; (a fadiga não pode tomar conta de nossas relações).
       7 Faça o bem a todos, principalmente aos da família da fé; (Por toda a vida, se é chamado a fazer o bem. Infelizmente, muitos dizem que quem faz o bem só se dá mal, por isso deixam de fazê-lo. Naquela época, muitos haviam sido rejeitados pela própria família por fazerem parte da família de Deus).
         Gálatas 6. 11 – 18 é uma conclusão completamente diferente de todas as conclusões das epistolas escritas por Paulo. O apóstolo não cita nomes, não envia saudações à ninguém, não expressa alegria, não faz uma oração. Ele simplesmente resume todo o ensinamento expresso na carta.
        O apóstolo Paulo ao escrever aos Gálatas está condenando a religião exterior e todos seus rituais exteriores, que conduziam as pessoas a falsamente concluir que poderiam se salvar assim.
         A verdadeira religiosidade está na cruz de Jesus Cristo. A mensagem da cruz transforma velhas criaturas em novas criaturas mesmo que continuem com seu velho corpo.
        Deus abençoe e guarde cada pessoa no verdadeiro ensino, continuemos nossa oração: “venha o teu Reino”.

Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia:

Paulo F. Flor. Epistola aos Gálatas: um comentário. Ed. Concórdia: Porto Alegre, RS. 2009. pp. 261 – 300

segunda-feira, 20 de junho de 2016

A IELB é composta por filhos da mulher livre!

26 de junho de 2016
Sl 16; 1Rs 19.9-21; Gl 5.1,13-25; Lc 9.51-62
Tema: Qual é o segredo da IELB para chegar aos 112 anos?
É filho de uma mulher livre!

         O filme “12 anos de escravidão”, ganhador de 12 oscar, mostra uma página obscura da história dos EUA. O filme não só retrata a época da escravidão, mas a triste fatalidade que era nascer como filho de uma escrava. Nascer de uma mulher escrava era a sentença para uma vida sem liberdade, um vida de escravidão.
         O apóstolo Paulo, na sua carta aos Gálatas, também usa um fato real, a vida de Abraão, para ilustrar a vida de uma pessoa livre.
     No trecho do capítulo 4, versículos 21-31 da carta aos Gálatas, o apóstolo Paulo deseja que seus leitores se reconheçam como filhos de uma mulher livre. Ou seja, filhos da promessa, assim como foi Isaque.
       Para o apóstolo Paulo Sara e Agar não eram apenas pessoas na história. A verdade é que elas prefiguravam realidades maiores na história da salvação.
        O tema com respeito a verdadeira liberdade é um conceito fundamental na epístola aos Gálatas.
       A história de Abraão e Sara era conhecida e repetida muitas vezes entre o povo de Deus. Em pleno século XXI, o episódio que envolve Sara e Hagar precisa ser lembrada, pois para muitos é uma história que já caiu no esquecimento. Tanto Sara, quanto Abrão, tentaram resolver a sua maneira a promessa da descendência que Deus havia feito à Abrão. 
      Deus cumpriu a promessa, deu a Abraão e Sara o filho da promessa, quando a mesma parecia impossível de ser concretizada. Isaque foi o filho da promessa. Deus cumpre suas promessas a seu modo e seu tempo. O próprio apóstolo Paulo registrou que “vindo, porém a plenitude do tempo, ...” (Gl 4.4). Ou seja, tudo é realizado no tempo designado por Deus.
       Paulo relembra o episódio dos filhos de Hagar e Sara para transmitir aos judeus, que por causa da lei se consideravam descendentes espirituais de Abraão, que devido a lei, eles eram escravos. Afinal, confiavam na lei e não na promessa.
       Os crentes em Jesus Cristo são descendentes espirituais de Sara, ou seja, são verdadeiramente livres: “Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão” (Gl 3.7).
      “Os da fé” – os que creem em Jesus Cristo. Esses são filhos da promessa, são livres. E a esses filhos da mulher livre, descendentes de Sara, são convidados a “Permanecer, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5.1).
         Será que é necessária a admoestação para uma vida livre ao filho que é livre? Sim! Mesmo em Cristo, o velho homem, a natureza pecaminosa, continua fazendo parte da vida do ser humano.
         Mesmo que eu seja o filho da mulher livre, o filho da promessa, o filho de Deus pela fé e por viver pela fé e sob a graça de Deus, infelizmente, sou facilmente conduzido a viver sob a orientação da lei.
         Infelizmente, sou constantemente tentado a agir como muitos entre os Gálatas. Ou seja, deixar de viver a verdadeira liberdade conquistada e dada a mim por Cristo e me apegar as supostas conquistas da lei. Infelizmente o nome “evangélico” se tornou sinônimo de alguém que supostamente cumpre a lei exterior, ou seja, evangélico é aquele que não é idólatra, fumante, alcoólatra, etc.
      Evangélico não deveria ser apresentado assim. A verdade é que o evangélico é aquele que é chamado a viver como um filho livre. Como o filho da promessa. Aquele que vive no perdão conquistado não por si mesmo, mas por Cristo Jesus. Assim como entre os Galátas, corre-se o risco de passar a se considerar um cristão extraordinário por causa da sua suposta vida piedosa e legalista.
        “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1).
        Que palavra poderosa!
        O filho de Deus, é o filho da mulher livre, ou seja, o filho da promessa. Esse filho livre é aquele que vive sua vida na realização de boas obras como se não tivesse conhecimento de nenhum preceito, de nenhuma ameaça e recompensa. O filho livre é aquele que vive uma vida cristã de maneira natural, sem ameaça.
        “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1).
       A liberdade humana significa mudar as leis sem mudar o homem. Mas, ao dizer aos Gálatas que “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1), o apóstolo Paulo ensina que em Jesus Cristo homens são transformados sem que se mude a lei.
      A lei de Deus continua a mesma. Mas, ao escrever que “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1), o apóstolo Paulo convida aos filhos da mulher livre, os filhos da promessa, àqueles que vivem na fé, a continuar sua vida nessa liberdade, ou seja, sem medo da lei que condena. Afinal, Jesus Cristo já cumpriu a lei e nos libertou da necessidade do cumprimento da mesma como requisito da salvação.
         A dificuldade dos Gálatas e também a nossa é confiar no "nada mais a cumprir" para ser aceito por Deus. O “nada mais a fazer, cumprir” ofende a religião natural do ser humano. A natureza pecaminosa do ser humano sempre deseja "um outro evangelho", uma alternativa de se conseguir conquistar o que é dado e oferecido gratuitamente.
       O único e doce Evangelho anuncia que “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1), ou seja, não há nada mais a cumprir para a salvação, tudo foi realizado em Jesus.
       Ao escrever que “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1), o apóstolo transmite o evangelho de que viver na liberdade nada mais é do que viver na fé em Jesus Cristo.
        A IELB completa em 2016 (24 de junho), 112 anos de proclamadora do evangelho no Brasil. Seu evangelho não é nada mais do que o evangelho bíblico, que declara que todo aquele que vive pela fé é filho da mulher livre. A IELB é uma igreja composta por filhos da mulher livre, por filhos da promessa. Amém!

M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia
Carl Ferdinand W. Walther. A correta distinção entre lei e Evangelho. Concórdia e ULBRA, Porto Alegre e São Leopoldo, RS, 2005. pp. 45, 140, 190, 206, 261, 271, 280, 304

IGREJA LUTERANA - NÚMERO 1 – 1998. Paulo Moisés Nerbas. pp. 65 - 69

Martinho Lutero. Obras selecionadas, Vol. 10. Interpretação do Novo Testamento: Gálatas e Tito. Ed. Sinodal, Concórdia e Ulbra, São Leopoldo, Porto Alegre e Canoas, RS. 2008. pp. 474 - 523

Paulo F. Flor. Epistola aos Gálatas: um comentário. Ed. Concórdia: Porto Alegre, RS. 2009. pp. 200 - 253

terça-feira, 14 de junho de 2016

Utiliza-se a pedagogia de Deus!

19 de junho de 2016
5º Domingo após Pentecostes
Sl 3; Is 65.1-9; Gl 3.23-4.7; Lc 8.26-39
Tema: Qual é o segredo da IELB para chegar aos 112 anos?
Utiliza-se a pedagogia de Deus!

Pedagogia é um conjunto de técnicas, princípios, métodos e estratégias da educação e do ensino. O termo pedagogia tem origem no escravo que acompanhava a criança até a escola. Atualmente pedagogo é aquele que cuida do processo ensino aprendizagem. Ou seja, aquele que guia o ensino aprendizado dentro da escola.
         Entre os gregos, aio, pedagogo, era um escravo fiel, incumbido do cuidado com a criança desde a infância até o início da maturidade, cujos deveres consistiam especificamente em proteger e cuidar da criança desde a infância até o início da maturidade, cujos deveres consistiam especificamente em proteger e cuidar da criança sob seus cuidados de perigos físicos e morais e em acompanhá-la a escola e locais de lazer.   O dever, o objetivo maior era torná-los cidadãos habilitados, dignos e honrados da cidade. Os fiéis do Antigo Testamento, de acordo com essa comparação, ainda não tinham atingido a maturidade espiritual.
         Nesse sentido, pode-se afirmar que o início do cristianismo não foi um tempo áureo, nem sequer fácil. À caminhada dos judeus convertidos no cristianismo não foi tranquila. Os judaizantes, agora no cristianismo, enfrentavam uma difícil batalha. Precisavam desacostumar da vida sob a lei. Por longos anos, estiveram submetidos a severas e difíceis exigências da Lei Judaica. Muitos desses cristãos, ex judaizantes, proclamavam com indisfarçável orgulho seus estágios e conquistas na lei.
A carta de Paulo aos Gálatas foi recebida por pessoas que pensavam assim. O apóstolo Paulo preocupado e, de certa forma, aflito com seus queridos irmãos e irmãs da congregação da Galácia, composto na sua maioria de origem gentílica, envia uma carta que os convida a viverem a “verdadeira liberdade” em Jesus Cristo (Gl 5.1).
O apóstolo Paulo tinha medo de que a contaminação farisaica, acabasse influenciando os ex gentios a seguirem as normas da lei e esquecer do sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Na verdade, alguns já estavam começando a mostrar a contaminação do farisaísmo, adotando posturas e comportamentos da observância da lei judaica moral e ritual.
O apóstolo Paulo escreveu: “De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé” (Gl 3.24).
A lei e seu lado pedagógico. Qual é o ensino - aprendizagem da lei? A lei nos conduz a Cristo. Porque? A lei mostra meu pecado e a minha necessidade de um salvador.  
      O propósito pedagógico da Lei estava agora completado em Jesus Cristo, por isso, do alto da cruz exclamou: “Está completado” (Jo 19.30). Conhecedor dessa verdade, o apóstolo Paulo escreve aos Gálatas para que não voltem a contaminação do legalismo. "Antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela (custódia) da lei, e nela encerrados, para essa fé que de futuro haveria de revelar-se".
         Antes da era do Evangelho, antes da pregação da fé na redenção em Cristo, os judeus estavam confinados debaixo da Lei. Os fiéis do Antigo Testamento estavam sob a guarda da Lei que regulava suas vidas até aos mínimos detalhes. O propósito de Deus ao impor essa abrangente custódia era de cuidado e amável misericórdia para servir ao futuro tempo do Novo Testamento quando Cristo viria para livrá-los da escravidão da Lei. A lei os conduziu a Cristo, pois a lei mostrou que ninguém é capaz de salvar-se pela lei.
         A pedagogia da lei foi uma estratégia de Deus para ensinar seu povo "... a lei nos serviu de aio".
         O apóstolo Paulo mostra aos Gálatas que Deus lhes havia dado a Lei com todas suas exigências e injunções como se fosse um aio, ou seja, que os conduzisse a maturidade. O propósito de Deus com a lei era guiá-los à salvação em Cristo. Em Cristo a Lei cessou.
         A verdade é até os dias de hoje a Lei continua sendo aio. Pois a lei age e trabalha no sentido de apontar o pecado ao ser humano, mostrando-lhe sua insuficiência em relação à santa vontade e justiça de Deus.
         A pregação da lei consiste no trabalho pedagógico de Deus. Pela lei o coração humano é atingido e então a boa nova do Evangelho traz fé na justiça da obra salvadora de Jesus Cristo e assegura a salvação.
         “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus;” (Gl 3.26). Filhos de Deus pela "fé em Cristo Jesus" não por qualquer obra da Lei. A lei é o aio que conduz a Cristo.
         Jesus Cristo é o ponto final da lei. Ele veio justamente para uma finalidade, “colocado sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei” (Gl 4.4,5).
         Quando Jesus nasceu, os judeus manifestavam um zelo intenso pela lei. No sermão do monte Jesus destacou que “não veio para revogar a Lei ou os profetas; .... , veio para cumprir” (Mt 5.17).
         Cristo cumpriu a lei em lugar do pecador. O apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios: “Vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1Co 30-31).
         A lei é a pedagogia de Deus que ensina que sem Cristo o pecador está perdido. Amém!

M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia
Martinho Lutero. Obras selecionadas, Vol. 10. Interpretação do Novo Testamento: Gálatas e Tito. Ed. Sinodal, Concórdia e Ulbra, São Leopoldo, Porto Alegre e Canoas, RS. 2008. pp. 339 - 370

Paulo F. Flor. Epistola aos Gálatas: um comentário. Ed. Concórdia: Porto Alegre, RS. 2009. pp. 133 - 146


IGREJA LUTERANA - NÚMERO 1 – 1998. Norberto E. Heine. pp. 63 – 65.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

O debate primordial é a salvação!

12 de junho de 2016
4º Domingos após Pentecoste
Sl 32.1-7; 2Sm 11.26-12.10,13-14; Gl 2.15-21;3.10-14; Lc 7.36-8.3
Tema: Qual é o segredo da IELB para chegar aos 112 anos?
Seu debate primordial é a salvação!

         Programas de debate fazem grande sucesso na televisão, no rádio e até mesmo na internet. Para garantir a audiência os debates são em torno de temas polêmicos.
         O apóstolo Paulo esteve envolvido num debate polêmico com o apóstolo Pedro. Vejamos a situação que ambos estavam envolvidos.
         O grande apóstolo Pedro que havia sido chamado pelo próprio Jesus no início de seu ministério, que andou com Jesus por 3anos e com Jesus aprendeu lições preciosas, foi repreendido pelo apóstolo Paulo que para muitos era apenas um ex assassino de cristãos.
         Se na época houvesse uma emissora de TV, o motivo da repreensão do apóstolo Paulo seria debatido, justamente por ser polêmico. Na verdade, o tema continua sendo polêmico. O debate consistia em torno da salvação.
         Relembremos o episódio:

Porém, quando Pedro veio para Antioquia da Síria, eu fiquei contra ele em público porque ele estava completamente errado. De fato, antes de chegarem ali alguns homens mandados por Tiago, Pedro tomava refeições com os irmãos não-judeus. Mas, depois que aqueles homens chegaram, ele não queria mais tomar refeições com os não-judeus porque tinha medo dos que eram a favor de circuncidar os não-judeus. E também os outros irmãos judeus começaram a agir como hipócritas, do mesmo modo que Pedro. E até Barnabé se deixou levar pela hipocrisia deles. Quando vi que eles não estavam agindo direito, de acordo com a verdade do evangelho, eu disse a Pedro na presença de todos:Você é judeu, mas não está vivendo como judeu e sim como não-judeu. Então, como é que você quer obrigar os não-judeus a viverem como judeus?” O fato é que nós somos judeus de nascimento e não “pecadores não-judeus”, como eles são chamados. Mas sabemos que todos são aceitos por Deus somente pela fé em Jesus Cristo e não por fazerem o que a lei manda. Assim nós também temos crido em Cristo Jesus a fim de sermos aceitos por Deus pela nossa fé em Cristo e não por fazermos o que a lei manda. Pois ninguém é aceito por Deus por fazer o que a lei manda. Ao procurarmos ser aceitos por Deus por estarmos unidos com Cristo, fica claro que somos “pecadores” como os não-judeus. Mas será que isso quer dizer que Cristo trabalha em favor do pecado? Claro que não! Se eu, depois de ter destruído a lei, começar a construí-la de novo como meio de ser aceito por Deus, aí, sim, fica claro que eu havia quebrado a lei. Pois, quanto à lei, estou morto, morto pela própria lei, a fim de viver para Deus. Eu fui morto com Cristo na cruz. Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim. E esta vida que vivo agora, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se deu a si mesmo por mim. Eu me recuso a rejeitar a graça de Deus. Pois, se é por meio da lei que as pessoas são aceitas por Deus, então a morte de Cristo não adiantou nada! (Gl 2.11-21).

         O apóstolo Paulo observou que o apóstolo Pedro na presença de alguns judeus tradicionais havia mudado de postura. Assim, dirigiu essas palavras (Gl 2.15-21), pois era a salvação que estava em debate, afinal, Se eu, depois de ter destruído a lei, começar a construí-la de novo como meio de ser aceito por Deus, aí, sim, fica claro que eu havia quebrado a lei (Gl 2.18).
         A salvação é um tema polêmico ainda em pleno século XXI. Como eu sou salvo? O que faço para obter a salvação?
         Esse debate está presente na internet. Uma das respostas é a seguinte:
“Ame Deus, Jesus e o Espírito Santo. Guarde e siga os mandamentos de Deus. Vá na igreja, ore, não faça coisas erradas... Jesus morreu na cruz para nos salvar, então aproveite e se arrependa dos seus pecados antes que seja tarde demais!” (https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20110508105822AAfOXWg).
Outras respostas quanto a questão da salvação que as pessoas compartilham na internet, diz:
“não se aproxime dos ateus”; “Não existe uma fórmula. Seja o melhor possível nessa vida, não acredite no julgamento de outras pessoas, cabe a Deus nos julgar”; “Vá a uma igreja evangélica idônea pioneira, aceite a Jesus Cristo como único e suficiente salvador”; ...,

         A salvação continua em debate!
         Mas sabemos que todos são aceitos por Deus somente pela fé em Jesus Cristo e não por fazerem o que a lei manda. Assim nós também temos crido em Cristo Jesus a fim de sermos aceitos por Deus pela nossa fé em Cristo e não por fazermos o que a lei manda. Pois ninguém é aceito por Deus por fazer o que a lei manda (Gl 2.16).
         O apóstolo Paulo não rejeita cerimônias e tradições religiosas, mas, é contra tudo, inclusive as cerimônias e tradições religiosas que são realizadas sem a fé em Jesus Cristo. Sem fé nem mesmo Jesus Cristo vale a pena.
         O homem é justificado mediante a fé em Jesus Cristo. A fé apreende a graça salvadora, ou seja, ela é que confia na salvação obtida por Jesus Cristo na cruz. A fé não é a causa da justificação, mas o meio ou instrumento pelo qual Deus justifica o pecador.
         Tudo aquilo que se opõe a salvação gratuita recebida pela fé em Jesus é lei. A lei apresenta a salvação como um esforço mediante o qual se consegue obter a salvação. A lei prescreve que é necessário algo além da fé.
         A verdadeira doutrina do cristianismo consiste em que o homem chegue, pela lei, ao conhecimento de que é pecador. Sendo assim é impossível praticar alguma boa obra e agradável a Deus por si mesmo. Outra coisa importante que é ensinada pela verdadeira doutrina cristã é que se o pecador quiser ser salvo, o mesmo não alcança a salvação por obras; por isso, Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, a fim de que o pecador viva por intermédio dele. A lei apenas mostra o pecado, aterroriza e humilha; prepara, desse modo, o caminho para a justificação e impele para Cristo.
         O erro essencial dos opositores do apóstolo Paulo era a crença de que a justiça devia ser alcançada pela prática de boas obras.
         “O homem é considerado justo aos olhos de Deus apesar de lhe faltar a condição moral que Deus requer” (Luthard).
         Justificação é um ato acontecido fora do ser humano (Rm 8.33). Justificação é um veredicto, uma declaração instantânea de absolvição. Esse artigo é o principal, pois por ele a igreja fica de pé ou cai.
         O Sl 143.2 ilustra que o ser humano é fraco e não subsiste com sua justiça no juízo divino. O apóstolo Paulo ao dizer que pelas obras da lei ninguém é justificado, está dizendo aos Gálatas que a pessoa é justificada pela fé somente. A lei é incapaz de fazer tal maravilha na vida do pecador.
         Segundo a Bíblia, justo diante de Deus é aquele que se acha no pleno perdão dos pecados. Esse perdão é gratuito em Jesus Cristo. Segundo Lutero não há pecado mais ímpio e horrível que o de anular a graça de Deus. Ele o chama de pecado dos pecados.
         O ser humano peca ao cumprir a lei? Não. Mas, se anula a graça de Deus quando se busca cumprir a lei com a ideia de ser justificados através dela. Por isso, a IELB em seus 112 anos em terras brasileiras e quase 500 anos no mundo só se ocupa de uma coisa: debater a respeito da salvação.
         “Assim nós também temos crido em Cristo Jesus a fim de sermos aceitos por Deus pela nossa fé em Cristo e não por fazermos o que a lei manda. Pois ninguém é aceito por Deus por fazer o que a lei manda” (Gl 2.16).

M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia
Martinho Lutero. Obras selecionadas, Vol. 10. Interpretação do Novo Testamento: Gálatas e Tito. Ed. Sinodal, Concórdia e Ulbra, São Leopoldo, Porto Alegre e Canoas, RS. 2008. pp. 131 - 187

Paulo F. Flor. Epistola aos Gálatas: um comentário. Ed. Concórdia: Porto Alegre, RS. 2009. pp. 70 - 83

Não creia em todo espírito (1Jo 4.1)

  27 de abril de 2024 Salmo 150; Atos 8.26-40; 1João 4.1-21; João 15.1-8 Texto: 1João 4.1-21 Tema: Não creia em todo espírito (v.1) ...