segunda-feira, 29 de junho de 2015

Chamados, enviados e animados por amor!

05 de julho de 2015
6º Domingo após Pentecostes
Salmo 123; Ezequiel 2.1-5; 2Coríntios 12.1-10; Marcos 6.1-13
Tema: Chamados, enviados e animados por amor!

         O relato do chamado do profeta Ezequiel traz uma preciosa lição para nossos dias. E antes de aprendê-las, é necessário lembrar que esse período (593-571 a.C.) foi terrível e extremamente difícil para o povo de Deus.
         Tanto a cidade de Judá bem como a de Jerusalém havia sido destruída. O templo foi incendiado e milhares do povo de Deus foram exilados para a Babilônia (2Rs 25.1-21).
         O ditado popular “nada é tão rim quanto parece” se aplica bem a situação do povo de Deus nesse período da história. Afinal, mesmo diante de toda essa calamidade, o maior risco que o povo de Deus corria era perder a sua identidade como povo de Deus, herdeiros de uma promessa.
         Mesmo que exilados, na Babilônia, o povo de Deus desfrutava de uma relativa liberdade que lhes permitia formar família, trabalhar, negociar, criar riqueza e, inclusive, alcançar cargos importantes. Um exemplo é o profeta Daniel.
         O profeta Ezequiel havia sido chamado e enviado por Deus para manter vivo entre os judeus exilados o desejo pelo retorno a terra santa, a cidade de Deus. Afinal, o povo de Deus poderia facilmente ser seduzido pelos atrativos da Babilônia, que era o mais brilhante centro político e cultural de todo o Oriente Médio (Sl 137).
         Por ser de família sacerdotal, enquanto se preparava para ser sacerdote, Ezequiel foi levado prisioneiro à Babilônia (Ez 1.1). Recebeu seu chamado na Babilônia e foi o primeiro profeta a atuar fora das terras de Israel. Sua missão não foi fácil, pois, não era comum um profeta de Deus fora da terra santa. Ezequiel foi o profeta dos exilados. O profeta dos que estavam fora da terra santa, ou seja, daqueles que conforme pensamento da época, estavam sem Deus. E para esse povo a mensagem que o profeta havia sido chamado e enviado para proclamar era quanto a futura restauração de Israel. Com essa mensagem, o povo era convidado a não se contaminar e nem se vislumbrar com a bela Babilônia.
         Ezequiel foi chamado através de visões reveladas por Deus. Essas visões apresentaram a mensagem a ser proclamada. As visões tem um único objetivo. De maneira nenhuma as visões visam vangloriar a pessoa que as recebeu. As visões prestam serviço a Deus (Ez 2; 2Co 12). Por isso, o apóstolo Paulo não se gaba de suas visões (2Co 12.1,7).
         Humanamente falando, Ezequiel estava se preparando para servir no Templo, na terra santa, mas, Deus em sua graça e misericórdia, o chama e o envia para servi-lo fora do Templo e fora da terra santa.
         Esse chamado e envio do profeta Ezequiel traz lições necessárias e urgentes para a igreja do século XXI.
         Primeira lição:
         1 – “Filho do homem
         Foi assim que Deus chamou Ezequiel. O que isso significa? Significa que o ser humano é criatura de Deus. Essa expressão aparece 87 vezes em todo o livro do profeta Ezequiel. Nessas ocorrências, a expressão “filho do homem” significa que tanto o profeta como cada qual de nós é de natureza pecaminosa. Assim, está se sujeito aos mais variados pecados e as muitas quedas diante das tentações.
         Ao dizer “filho do homem” Deus lembra ao profeta e o povo que está exilado o perigo da sujeição à fascinação da Babilônia. O exilio não estava acontecendo por falta de Deus, mas por causa das inúmeras fascinações as quais seus pais se deixaram fascinar. O exilio não era o ponto final da história do povo de Deus, era apenas uma virgula necessária para continuação da escrita da história da salvação.

O exilio não era o ponto final, era apenas uma virgula necessária para continuação da escrita da história da salvação.

         Segunda lição:
         2 – “põe-te em pé
         Se põe de pé após determinado tempo sentado aquele que deseja caminhar.
         Justamente essa é a mensagem de Deus ao seu povo. Deus quer que seu povo deixe a situação cômoda da Babilônia. Deus não quer que seu povo se perca, nem perca a sua identidade como filhos da promessa.
         Para que esse povo se colocasse de pé e caminhasse o profeta Ezequiel estava sendo chamado e enviado. A missão não seria fácil, pois, Deus diz que “os filhos são de duro semblante e obstinados de coração; ...” (Ez 2.4).
         Toda a dureza e obstinação levaram muitos da época do profeta Ezequiel e ainda levam milhares no dia de hoje a não deixarem a zona de conforto. É melhor continuar ofuscado pelas coisas desse mundo.
         Profetas continuam sendo chamados e enviados para proclamar: “Põe-te em pé”. Não se deixe contaminar com a fascinação desse mundo e com as coisas terrenas. Como disse Jesus: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, ...” (Mt 6.19-20).
         Terceira lição:
         3 – “o Espírito, quando falava comigo, e me pôs em pé,...
         Como não se deixar fascinar pelas coisas desse mundo? Como voltar para a terra santa, se quero permanecer nos encantos da Babilônia?
         A disposição em não se fascinar com as coisas desse mundo não é fruto da vontade humana. Essa disposição vem do Espírito Santo, “andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl 5.16).
         A palavra “Espírito” foi usada exaustivamente pelo profeta Ezequiel. “Espírito” pode ser traduzido, conforme o contexto, por “sopro vital, força, poder”. O Espírito é o sopro vital, a força e o poder que dá vida, que levanta e faz agir e não se contaminar com as fascinações das Babilônias.

         Três preciosas lições: 1º – Filho do homem”, ou seja, criaturas que após a queda em pecado se tornou fraca e sujeita as tentações desse mundo; 2º – Põe-te em pé”, isso quer dizer, cuidar com as fascinações da Babilônia. O comodismo impede de caminhar. 3º – O Espírito, quando falava comigo, e me pôs em pé...” mostra que sozinhos não conseguimos vencer as tentações das fascinações desse mundo. Somos tentados a esquecer da nossa pátria que está no céu e ficarmos presos ao que é desse mundo. Só o Espírito, pelos meios da graça, batismo, pregação e santa ceia nos mantém em pé e no caminho do Senhor.

         Por amor e misericórdia aos seus filhos exilados nesse mundo corrompido pelo pecado, Deus continua chamando e enviando os profetas Ezequiéis para que ensinem essas preciosas lições.
         O chamado e envio do profeta Ezequiel visa também animar aos profetas Ezequiéis em pleno século XXI para que não desanimem em meio as dificuldades e responsabilidades diante de um povo que está sendo tentado a se acomodar e influenciar pelas fascinações desse mundo.
         A exemplo do povo da época do profeta Ezequiel, os profetas Ezequiéis são chamados e enviados para comunicar o amor de Deus a pessoas que se afastaram desse amor e de Deus. Afinal, por mais que as pessoas abandonem a Deus, Deus nunca esquece suas criaturas. Deus conhece a fraqueza e fragilidade de seus filhos, por isso, enviou seu Filho Jesus, para que todo aquele que nele crê não pereça eternamente, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).
         Os profetas Ezequiéis são chamados, enviados e motivados na sua missão de falar a um povo que não acolherá a mensagem salvadora. No entanto, a missão é apenas falar. A responsabilidade é apenas falar. O ouvir ou deixar de ouvir não é responsabilidade do profeta. O êxito não está nas mãos do profeta, “...o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1Co 3.6-7).
         Desejo terminar a mensagem de hoje com um Poema de Olmiro Ribeiro Junior: Profeta Moderno

Um profeta moderno, entristecido com a maldade e a perversão da humanidade, pede demissão a Deus. Ele não quer mais falar sobre o seu Senhor às pessoas. Consequentemente, Deus interroga o profeta sobre as razões que redundaram em tal convicção. O profeta indignado responde:
- Senhor, como vou falar de um Deus que age como um pai e uma mãe, que cuida e protege, enquanto existe tanta fome, violência e morte? As pessoas matam por matar, criminosos atormentam e executam as suas indefesas vítimas friamente. A polícia pouco protege, e quando o faz, assassina os delinquentes para puni-los. As pessoas brigam, se ofendem, fazem inimizades por motivos banais. Pouca gente protege e respeita a vida que tu nos deste.
- Senhor, como eu vou falar do teu amor, enquanto o sexo, a prostituição, a promiscuidade e o egoísmo são mais importantes do que teu amor? Como falar de amor a uma família que perde sua única filha atropelada por uma pessoa embriagada, à mão que vê seu filho morto por overdose?
- Senhor, como eu posso falar da misericórdia e perdão se os países ricos oprimem, lançam bombas, devastam com guerras países mais fracos para explorá-los e empobrecê-los ainda mais? Como falar de justiça e misericórdia para uma mulher que viu seu marido ser preso por ter roubado comida para alimentar seus filhos famintos, enquanto políticos, empresários e parte da elite enriquecem desviando verbas, sonegando impostos, praticando o estelionato, e tudo fica por isso mesmo? Como posso acreditar na justiça se ela pune a pobreza, a cor da pele e não o delito?
Pacientemente, Deus escuta o profeta moderno e responde-lhe com olhos cheios de lágrimas:
- Meu querido filho, isso não é motivo para desistir. Justamente por causa de tudo isso, eu necessito comunicar meu amor às pessoas, para que meu amor, a minha misericórdia, transforme a vida dessas pessoas. Meu desejo é que elas ouçam e recebam meu amor, e assim sejam libertadas do egoísmo e da indiferença.
- Não desista meu filho! Muitas pessoas não entendem e nem querem entender meu amor. Eu nunca desisti e nem desistirei da minha criatura. Por isso, eu chamo, envio e animo meus profetas, para que eles não desistam e continuem a propagar meu amor.

M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Esperança! Atitude no sofrimento!

28 de junho de 2015
5º Domingo após Pentecostes
Sl 30; Lm 3.22-33; 2Co 8.1-9, 13-15; Mc 5.21-43
Tema: Esperança! Atitude no sofrimento!

         Quantas pessoas derramam suas lágrimas solitárias. Sofrem em silêncio. Muitas vezes, não por opção, mas por não terem um ombro amigo onde chorar, ou alguém para compartilhar a sua dor.
         No facebook há um aplicativo onde a pessoa pode expor o que está fazendo ou sentindo. Entre os muitos sentimentos (alegre, sortudo, irritado, livre, perplexo, etc), há o solitário e o sem esperança.
  Quando alguém diz publicamente que está sem esperança, é porque está atravessando uma situação quase que insuportável.
         Como se lida com o sofrimento? Que tipo de oração se faz no sofrimento?
         Uns veem no sofrimento um meio de aproximação de Deus. Outros dizem que o sofrimento prova a não existência de Deus, que Deus não é onipotente, nem sequer bom.
         O povo de Israel, a cidade de Jerusalém, ficou sitiada por dois anos. Nesse período a comida se tornou escassa, a ponto de muitas mães comeram a carne de seus próprios filhos. Após esses dois anos, o exército da Babilônia entrou em Jerusalém. Os soldados mataram pessoas, capturaram os ricos, destruíram a cidade e o templo.
         Esse episódio assolador, fez com que o profeta Jeremias escrevesse um “canto fúnebre”, o livro de Lamentações. Nesse “canto fúnebreuma preciosa lição é justamente a resposta sobre o que fazer em meio ao sofrimento. Se naquela época houvesse facebook, toda a população de Jerusalém iria postar que estava sem esperança, arrasado, triste, solitário.
         A atitude de muitas pessoas diante do sofrimento é recuar. Recuar dos amigos, dos parentes, etc. Há muitos de recuam, abandonam a vida social e eclesiástica.
         O que fazer no sofrimento?
         Deus tem uma atitude bem diferente da dos seres humanos.
         No sofrimento, Deus está presente. Assim, lembre-se que todo aquele que sofre, sofre na presença de Deus. O profeta Jeremias não reclamou com Deus, não se voltou contra o povo, não se entregou a desesperança e a depressão. Ele sabia que estavam sofrendo na presença de Deus.   
         O profeta Jeremias em oração lembrou-se dos atos poderosos de Deus no passado. Assim, em meio àquela situação, alimentou-se de esperança. A esperança da certeza da presença de Deus.
         Assim como pelo aplicativo do facebook pessoas postam se sentindosem esperança”, há os que vivem uma vida real “sem esperança”.
         O profeta Jeremias traz a memória do povo de Deus vários eventos tristes que aconteceram com Israel (Lm 1.1-3.20). Esses eventos estão cheios de desesperança. Mas, após todo o cenário de desesperança que o povo estava vivendo, (Lm 3.21), o profeta muda o rumo da conversa. O profeta Jeremias começa a falar sobre uma mudança de atitude diante do sofrimento. “Quero trazer a memória o que me pode dar esperança” (Lm 3.21).
         A situação externa não havia mudado. A cidade continuava destruída, possivelmente ainda haviam corpos nos escombros e nas ruas, os que haviam sobrevivido continuavam exilados. Mas, o profeta Jeremias não perde o foco na tragédia, na angústia, no sofrimento. Ele volta seu olhar, sua lembrança naquilo que o fartará de esperança, no amor de Deus. Jeremias pensa e fala das misericórdias do Senhor.
         O profeta sabe que infelizmente muitos foram mortos e exilados, mas isso não valida o fato de muitos quererem dizer que Deus não é bom, afinal, a verdade é que “as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, ...” (Lm 3.22) para sempre.
         Deus não permitiu que o seu povo fosse exterminado completamente, pois, tinha uma promessa feita à Abraão que precisava ser cumprida: “...em ti serão benditas todas as famílias da terra ...” (Gn 12.3). E justamente por esse motivo o profeta Jeremias disse que “grande é a fidelidade de Deus” (Lm 3.23). E sendo grande a fidelidade de Deus, há esperança mesmo em meio as piores situações de sofrimento.
         Devido a fidelidade de Deus, o profeta Jeremias confessa que mesmo que todos os bens materiais tenham sido destruídos, “a minha porção é o Senhor” (Lm 3.24), por isso havia esperança.
         Quem sofre, diz o profeta Jeremias, precisa constantemente lembrar-se de que “as misericórdias do Senhor não tem fim”, e que “Deus é a porção necessária e suficiente”. Com essa certeza, o povo estava sendo chamado a renovar sua esperança em meio a desesperança. Por pior que seja a devastação, Deus “usará de compaixão segundo a grandeza das suas misericórdias; porque não aflige, nem entristece de bom grado os filhos dos homens” (Lm 3.32-33).
         A atitude no sofrimento é olhar e ver que temos Deus que está na nossa presença. O apóstolo Paulo sabia dessa lição, por isso, escreveu: “Pensai nas coisas lá do alto, não que são aqui da terra” (Cl 3.2).
        A pior alternativa no sofrimento é fixar o olhar e prender o pensamento e a vida apenas nas coisas aqui da terra. No sofrimento é necessário acalmar o coração na certeza dada por Deus: “a minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Co 12.9).
         O profeta Jeremias estava vivendo dias na presença daqueles que ficavam vegetando sem rumo e sem sentido numa cidade completamente destruída. Qual é a atitude do profeta? Ele fala sobre seus sentimentos a Deus e lembra de Deus, pois em situações bem piores, Deus foi o socorro e a proteção. E com certeza será assim nesse momento.
         Quando choro, sou levando a usar lenço. Quando lamento, sou levado a esperança nos bons momentos.
         É necessário lembrar, antes de terminar a pregação, que o ponto não está no tamanho da minha fé. Pois, a fé na esperança não é obra humana, mas milagre de Deus em nossas vidas. No sofrimento, é preciso me lembrar das manifestações da graça de Deus em minha vida. A primeira é que quando nasci, mesmo meus pais me chamando de anjo, “estava perdido e condenado”. Deus veio ao meu encontro pelo Batismo e me tornou seu filho redimido.
         A vida de um cristão não é uma vida de mar de rosas, se for, nada-se mais entre os espinhos. E nadando entre os espinhos, por mais dolorosos que sejam, “quero que isto chegue até o mais íntimo do meu ser e tome conta de mim totalmente” (Lm 3.21), “as misericórdias de Deus não tem fim; renovam-se a cada manhã” (Lm 3.22-23). Amém!

M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Uma das respostas de Deus ao sofrimento!

21 de junho de 2015
4º Domingo após Pentecostes
Sl 124; Jó 38.1-11; 2Co 6.1-13; Mc 4.35-41
Tema: Uma das respostas de Deus ao sofrimento!

         Todo aconselhamento a uma pessoa que está sofrendo, o texto mais citado é o livro de Jó. Isso, devido ao fato do livro de Jó analisar o “porque” do sofrimento humano. Quando estão sofrendo, as pessoas desejam uma palavra, não apenas de conforto e consolo, mas principalmente uma resposta sobre o sofrimento.   
         Em meio ao seu sofrimento, Jó, citado com exemplo de paciência, quer saber, e, exige de Deus uma resposta para tudo que está acontecendo: “que o Todo-Poderoso me responda!” (Jó 31.35).
         Você está sofrendo? Deseja respostas?
         Bem! Há aqueles que concluem que seu sofrimento é um castigo de Deus, ou devido aos seus dízimos atrasados, ou, por algum pecado secreto.
         O capítulo 38 do livro de Jó traz um diálogo. Um diálogo onde Deus mostra a Jó, o quanto o mesmo, está sendo ignorante diante da sabedoria de Deus. Deus faz perguntas diretas: “...quem é você para pôr em dúvida a minha sabedoria? ...Onde é que você estava quando criei o mundo? ...quem mediu o mundo e definiu as suas medidas? ...Como a terra é sustentado no ar? ...quem assentou a pedra fundamental do mundo? ...quem fechou os portões das águas do mar para que segurá-lo em seu limite?” (Jó 38.2-8).
         Muitos são os questionamentos diante do sofrimento. Mas, seja qual for a pergunta, uma das respostas de Deus é: “...quem é você para pôr em dúvida a minha sabedoria?” (Jó 38.2).
         Quando se está sofrendo, ouvir uma resposta como essa, com certeza haverá uma decepção. Afinal, as pessoas não querem respostas ásperas, sinceras e verdadeiras. Pessoas querem alimentar seu ego, sua vaidade, e desejam respostas que lhe agradem. A resposta dada por Deus a Jó diante dos seus questionamentos no sofrimento não é uma resposta muito agradável. A ignorância, provinda da natureza pecaminosa, atrapalha no entendimento do amor de Deus, mesmo em meio ao sofrimento.
         Jó desejava uma resposta satisfatória ao seu dilema. Lembre-se! Jó não quis restituição dos seus bens materiais e pessoais. Jó, só queria uma resposta satisfatória. No entanto, Deus não menciona as aflições de Jó e não responde a razão do seu sofrimento. Deus, apenas disse: “...quem é você para pôr em dúvida a minha sabedoria?” (Jó 38.2).
         Nessa resposta de Deus, aprende-se algumas lições. A primeira é que Deus sempre responde. Deus não é indiferente ao sofrimento. Ele não deixa seus filhos sem atenção. Deus é um pai que responde aos seus filhos, mas, não apenas como eles querem ser respondidos. A segunda lição é que assim como Jó, não conseguimos compreender o que está acontecendo. Mesmo ignorantes diante de muitas situações de sofrimento, Deus não nos rejeita, afinal, sabe que só falamos e pensamos muitas coisas por não entendermos as coisas (Jó 38.2).
         Esse era o principal problema de Jó e é o nosso, desconhecimento. Planejamos o amanhã, mas não conhecemos sequer o nosso hoje. Assim, quando algo dá errado em nosso amanhã, queremos saber onde erramos, onde pecamos, onde falhamos com Deus.
         Depois de mostrar nosso desconhecimento, Deus quer nos colocar em nosso lugar, ou seja, somos seres humanos, criaturas de Deus. E como criaturas, precisamos nos colocar diante do criador. Deus pergunta: “...quem é você para pôr em dúvida a minha sabedoria?” (Jó 38.2). Deus é Deus! Deus não precisa de ser ensinado. Ele ensina.
         Mesmo que Deus não tenha respondido diretamente as perguntas de Jó, as suas perguntas mostram que se Deus criou, sustenta e guarda esse mundo, ele também está cuidando dos seus filhos e filhas no sofrimento. Certa vez ouvi uma confissão de fé muito bonita de um cristão que estava atravessando um momento muito difícil em sua vida e com a mesma quero terminar essa mensagem. “Deus não me livra do sofrimento, ele me livra no sofrimento. Amém!

M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

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segunda-feira, 8 de junho de 2015

Salmo 1 - A porta de entrada de uma grande casa

14 de junho de 2015
3º Domingo após Pentecostes
Sl 1; Ez 17.22-24; 2Co 5.1-10; Mc 4.26-34
Tema: A porta de entrada de uma grande casa.

         Cada casa tem a sua porta de entrada. Dependendo o grau de amizade, é a entrada da casa. Alguns entram pela porta dos fundos porque são conhecidos, outros nem entram, por que são estranhos. E todos nós sabemos que para estranhos não se pode abrir a casa.
         O Salmo 1 é “porta de entrada” numa casa formada por 150 quartos. Cada um dos salmos é uma oração. Nesse caso, é necessário e importante que se abra a porta de entrada para que todos, conhecidos e desconhecidos tenham acesso a essa casa denominada, casa dos salmos, com 150 quartos.
         Toda a construção dessa enorme casa, com 150 quartos, levou muitos séculos, vão desde a época pré-exílica, passando por todo o tempo do cativeiro, até o pós-exílio. Foi concluído somente no final do século III a.C.
         Porque é tão importante e necessário que eu entre nessa casa composta por 150 quartos? No século XVI, Martinho Lutero afirmou que o livro dos Salmos “não coloca diante de nós somente a palavra dos santos, (...) mas também nos desvenda o seu coração e o tesouro íntimo de suas almas”, onde aprendemos a “falar com seriedade em meio a todos os tipos de vendavais”, e que o saltério “faz promessa tão clara acerca da morte e ressurreição de Cristo e prefigura o seu Reino, condição e essência de toda a cristandade – e isso de tal modo que bem poderia ser chamado de uma ‘pequena Bíblia’”. Bonhoffer disse que “se em nossas igrejas já não oramos os Salmos, então devemos incluí-los com mais afinco em nossas meditações matutinas e vespertinas”. Na igreja antiga não era incomum saber ‘o Davi todo’ de cor. Nas igrejas orientais isto era condição para o exercício eclesiástico. Jerônimo, um dos pais da igreja, conta que na sua época ouvia-se o cântico de Salmos nas lavouras e nos quintais. Os Salmos marcavam a vida da jovem cristandade. Jesus Cristo morreu na cruz com a palavra dos Salmos em seus lábios.
Deixar de entrar nessa casa composta por 150 quartos, deixar de visitar cada quarto é perder um tesouro inigualável.
         Lutero disse que é muito benéfico ter palavras prescritas pelo Espírito Santo, que homens piedosos podem usar em suas aflições. Por isso, a porta está aberta e é importante que ela não fique fechada, pois, desconhecer a casa é desconhecer quem a construiu e o repouso que a mesma oferece. O salmo 1 é belo, simpático e atual. Afinal, com tantos escandâ-los, a pergunta é geral: “vale a pena ser cristão? Honesto? Ir e estar na igreja?” O Salmo 1, a porta de entrada para uma enorme casa, parece mostrar que o número de pessoas más é muito mais numeroso que o número de pessoas boas, honestas, dedicadas a servir a Deus. Essas pessoas perversas, pecadoras e zombadoras das coisas de Deus não são desconhecidas, elas fazem parte da convivência social. Lembre-se que “pecador, perverso e zombador” são denominadas como as pessoas que desfavorecem a comunidade cristã, são aqueles que se comportam de maneira negativa, para desfavorecer o evangelho, Deus e a igreja.
         No antigo Israel, bem como em todo o antigo oriente, não havia oposição entre a vida profana e a vida religiosa da pessoa. O cristão era cristão em todos os lugares, não apenas na igreja. A vida em sociedade era o reflexo da sua vida cristã.
         A pergunta é geral: “vale a pena ser cristão? Honesto? Ir e estar na igreja?O salmo 1 faz uma crítica à sociedade que parece ter mais malvados, perversos e pecadores e que todos agem de forma planejada. Ou seja, os corruptos, corruptores, desonestos, ateus, etc, agem de forma estratégica, consciente. E muitas dessas pessoas são os mais influentes numa cidade.
         O cristão, o honesto, o que vai e atua na igreja, parece estar sozinho. Essa é a visão inicial do salmo. Esse homem cristão, honesto e atuante na igreja parece ser um ser humano raro. No entanto, ao entrar na casa, através do salmo 1 e visitar todos os outros 149 quartos, vê-se que todos os cômodos foram preparados para abrigar, consolar e dar ânimo para esse tipo de ser humano.
         O homem que parece ser raro, o cristão, o honesto, o que atua na igreja, não apenas diz não e se opõe aos perversos e maldosos. Sua ocupação não é opor-se ferozmente a esse tipo de gente, antes, seu prazer e sua felicidade está na “lei do Senhor”.
         Enquanto muitos se opõe à Palavra de Deus, aos ensinos de Deus, o homem que parece ser raro, vive uma vida intensa de felicidade por meditar na lei do Senhor em todos os momentos.
         Ao falar em “lei do Senhor” o salmista destaca não a “lei” como algo proibitivo, mas na “lei” como instrução. Instrução libertadora.
         Muitas pessoas, ao longo da caminhada do povo de Deus, desistiram do projeto de Deus. Essa desistência aconteceu devido aos seus interesses particulares. Infelizmente, aquele que abandona o projeto de Deus, aquele que prefere viver sob a proteção ou abrigo de outros quartos que não o do salmos, acabará se tornando perverso, maldoso e irá se opor a tudo o que é de Deus.
         Dois tipos de pessoas e para esses dois tipos a porta de entrada dessa enorme casa, os salmos são abertos. Uma é a pessoa perversa e má, que parece dominar o dia-a-dia e parece se dar bem sob qualquer situação. Há também um homem, que parece estar sozinho, o cristão, o honesto, o que atua na igreja, mas, que segundo o salmista é feliz. Felicidade essa que não provêm das coisas desse mundo, mas da libertação oferecida e dada por Deus em Jesus.
         Pastor, mas, eu não devo receber uma pessoa estranha na minha casa. Claro! Concordo, afinal, não sabemos a sua intenção. Mas, as portas do evangelho, a primeira porta, o Salmo 1, é a porta de entrada e todos são convidados a entrar por ela.
         O salmo 1 mostra no versículo 5 que os perversos e maldosos não irão prevalecer no juízo e no versículo 6 apresenta a certeza do porque os cristãos tem futuro. E justamente por causa desse convite, convite ao arrependimento e convite a permanência na fé é que a porta da casa está aberta a todos.
         O salmista diz que aquele homem raro, que nesse mundo parece estar sozinho, no final, não mais estará. Ele estará com uma grande multidão, a multidão dos justos, dos salvos. Lembro-me das palavras de Jesus: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; ...” (Jo 10.16).
         “o Senhor conhece o caminho dos justos...” – pela escrita hebraica, essa frase indica que é algo que vale para sempre. Conhecer significa comunhão íntima. Assim como disse Jesus: “Eu sou o bom pastor, conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim” (Jo 10.14). Os justos só são justos por serem conhecidos por Deus em Jesus, ou seja, são acompanhados de forma preocupada e amável.
         O salmista não está ocupado com as pessoas perversas e más. Ele se ocupa com o ensino do Senhor. Não nos cabe ficar ocupados com as maldades desse mundo. Nossa ocupação precisa ser a “lei do Senhor”. Pois, se ocupar com as maldades desse mundo e com os perversos, correremos o risco de nos expor a cairmos em suas ciladas.
         Deus não deseja a condenação do perverso, por isso, permite lhe ter acesso a porta, como disse Jesus: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem” (Jo 10.9). A porta continua escancarada, mas infelizmente, outras portas parecem mais atrativas e convidativas para que se entrem por elas.
         Feliz o homem que continua sua vida sob a graça de Deus em Jesus, afinal, “o evangelho mostra como é que Deus nos aceita: é por meio da fé, do começo ao fim. Como dizem as Escrituras Sagradas: “Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus” (Rm 1.17). Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

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Dar a vida pelos irmãos! (1Jo 3.16)

  Quarto Domingo de Páscoa 21 de abril de 2024 Salmo 23; Atos 4.1-12; 1Jo 3.16-24; João 10.11-18 Texto: 1João 3.16-24 Tema: Dar a ...